Brasil redobra esforços de combate aos incêndios na Amazónia em plena seca
O Governo brasileiro redobrou os esforços para combater os incêndios na Amazónia, que se intensificaram este ano devido às alterações climáticas, afirmou hoje a ministra do Ambiente do Brasil.
"São fenómenos extremos", que provocaram uma diminuição acentuada do caudal dos rios da Amazónia em plena seca severa e desencadearam incêndios, com "consequências económicas, sociais e ambientais", disse a ministra brasileira em conferência de imprensa.
Marina Silva disse que muitos dos quase 3.000 focos de incêndio registados nas últimas semanas na Amazónia podem ter sido provocados por agricultores que preparam as terras para a plantação, mas também afirmou que outros se devem à "seca severa provocada pelo El Niño".
Segundo a ministra, "é uma situação bastante perigosa", uma vez que os incêndios "provocados" se juntam a "esta seca prolongada", que deixa "muita matéria orgânica seca" na superfície do maior pulmão vegetal do planeta.
A ministra brasileira sublinhou que esta situação surge numa altura em que o Governo reduziu drasticamente a desflorestação na Amazónia, que nos últimos doze meses diminuiu quase 60% e que é uma das maiores causas de incêndios na região.
Para combater a emergência, as autoridades mobilizaram cerca de 3.500 bombeiros, aos quais se juntarão mais 149 este fim de semana.
Os bombeiros trabalharão em conjunto com as brigadas municipais e regionais, especialmente no estado do Amazonas, onde a situação é mais delicada. As cinzas dos incêndios já estão a chegar a Manaus, a capital regional e a cidade mais populosa da região, com cerca de dois milhões de habitantes.
A falta de chuvas, normal nos meses de setembro e outubro, foi acentuada este ano por diversos fatores climáticos, como o El Niño (subida da temperatura da água) e deixou comunidades pesqueiras e indígenas localizadas ao longo dos rios em situação crítica.
A seca e a queda do nível das águas provocaram uma grande mortalidade de peixes, que são uma importante fonte de alimento para a população amazónica.
O Governo começou a ajudar essas comunidades com a ajuda de helicópteros da força aérea, que são usados para distribuir alimentos e outros bens essenciais.
Segundo as autoridades, 60 dos 62 municípios do estado do Amazonas foram declarados em situação de emergência.
"É um cenário bastante preocupante e que, portanto, vai exigir do poder público e da sociedade de um modo geral uma ação de consciência ao que está acontecendo no mundo. Nós não estamos mais vivendo com as regularidades climáticas com as quais nós convivíamos", afirmou Marina Silva, citada na imprensa local.
"Esse diagnóstico foi feito há mais de 30 anos e era dito e redito que este momento chegaria. Infelizmente, ele chegou", acrescentou.