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Incêndios Madeira

“Não há palavras para descrever o inferno que vivemos”

Residente nos Lamaceiros relata noite de terror que foi enfrentar o lume

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Para Domingos Gorgulho, um residente nos Lamaceiros, zona alta do Porto Moniz, “não há palavras para descrever o inferno que vivemos”, afirmou esta tarde na localidade, agora que já só resta terra queimada e fumo.

O morador que diz ter enfrentado o fogo avassalador, descreve “um cenário de terror” para caracterizar a tensão vivida na última noite quando se viu praticamente cercado pelas chamadas.

“Não foi nada fácil. Os meios não eram os suficientes porque os bombeiros andavam em tudo quanto era canto. Estivemos aqui umas duas ou três horas entregues à nossa sorte”, diz, ainda mal refeito da noite agitada.

“Felizmente conseguimos combater com a ajuda deles (bombeiros) e antes de eles chegarem já tentamos ir resolvendo a situação. Os bombeiros não tinham mãos a medir”, admite.

Apesar do “inferno” que descreve e porque “de noite as coisas complicam-se mais”, com a luz do dia e a acalmia devolvida ao sítio, mostra-se surpreendido que as casas tenham resistido.

“Felizmente as casas safaram-se, mas pode ter sido destruído algum palheiro”

Os terrenos cultivados junto das moradias revelou-se determinante, ao fazer de tampão à aproximação do fogo.

“Agora é renascer das cinzas”, manifesta. “Nunca passei por situação semelhante e espero nunca voltar a passar”, deseja.

Ultrapassada a noite angustiante, olha em volta, e apesar da muita terra queimada, atira: “Pelo que foi, até não foi quase nada”.