Duas frentes de fogo activas consomem floresta no Galhano e na Fonte do Bispo
Não é possível precisar, para já, a área de floresta afectada, mas em causa estão não só zonas de floresta Laurissilva, mas também zonas de Rede Natura 2000
A frente que causa mais preocupação ao responsável pelo IFCN é a que se aproxima do Galhano.
O fogo que começou no perímetro urbano do concelho da Calheta no final da tarde de quarta-feira e alastrou ao concelho do Porto Moniz durante o dia de ontem, além de colocar em risco várias habitações, atingiu com violência as áreas florestais dos dois concelhos, continuando a lavrar com alguma intensidade nas zonas da Fonte do Bispo e do Galhano.
Num balanço feito esta manhã ao DIÁRIO, o presidente do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) aponta a existência de duas frentes de fogo activas. "Neste momento o incêndio ainda está activo na zona da Fonte do Bispo, com uma frente que sobe da Calheta, e também outra que, vinda do Porto Moniz, sobe a encosta esquerda da Ribeira da Janela, virada à Santa do Porto Moniz, em direcção ao Galhano", realçou.
Sem poder contar, para já, com o apoio de bombeiros ou do meio aéreo, pois a prioridade tem sido garantir a segurança das populações, Manuel Filipe diz que estão no terreno, a combater as chamas, 30 operacionais afectos ao IFCN, entre polícias florestais (12), sapadores florestais (10), vigilantes da natureza, entre outros funcionários.
As áreas florestais afectadas incluem zonas de floresta Laussilva, sobretudo no Galhano, mas também locais classificados como Rede Natura 2000, esta última incluindo Zonas Especiais de Conservação (ZEC) ao abrigo da Directiva Habitats, e Zonas de Protecção Especial (ZPE), ao abrigo da Directiva Aves.
"Até agora, o que foi mais afectado, ao nível de vegetação de interesse foi urzal", deu conta o responsável máximo pelo IFCN, que teme, ainda assim, que a situação do Galhano possa assumir consequências mais desastrosas. Sabe o DIÁRIO que algumas manchas de floresta Laurissilva também já foram consumidas, tando na envolvência da Fonte do Bispo, como do Galhano.
Perpectivando uma sexta-feira 13 com muito combate ao fogo pela frente, Manuel Filipe diz que esse trabalho vai ser feito com os meios disponíveis, sobretudo os do próprio Instituto, esperando poder contar com o apoio dos meios do continente que estarão a chegar à Madeira.
No terreno estão, além das três dezenas de operacionais, quatro máquinas de rasto, que têm vindo a limpar aceiros e a criar alguns corta-fogo, para impedir ou retardar a progressão do fogo, fazendo diminuir a sua intensidade.
Oito percursos pedestres encerrados
O Instituto das Florestas e Conservação da Natureza fez saber esta manhã que vários percursos pedestres classificados encontram-se encerrados, devido à ocorrência de incêndios florestais.
O presidente do IFCN volta a desaconselhar a realização de percursos pedestres ao longo do dia de hoje, no seguimento da informação que já esta manhã foi actualizada pelo menos Instituto. Para já, terão sido afectados dois dos percursos recomendados, nomeadamente o Caminho Real do Paul do Mar (PR 19), no concelho da Calheta, e a Levada do Moinho (PR 7), no Porto Moniz. Mas além destes dois, há outros trilhos que estão encerrados, nomeadamente a Levada das 25 Fontes (PR6), a Levada do Risco (PR6.1), a Levada do Alecrim (PR 6.2), a Vereda da Lagoa do Vento (PR 6.3), a Vereda do Fanal (PR 13) e a Levada dos Cedros (PR 14), todos nas serras dos dois concelhos afectados por este incêndio que lavra há pelo três dias.