EUA juntam-se a Países Baixos e Dinamarca no fornecimento de caças a Kiev
Os Estados Unidos vão juntar-se à Dinamarca e aos Países Baixos na liderança de uma iniciativa de preparação de pilotos ucranianos e de entrega de aviões de combate F-16 à Ucrânia, anunciou hoje o secretário da Defesa norte-americano.
"Tenho orgulho de anunciar que os Estados Unidos ajudarão a liderar a coligação de países que trabalham com a Ucrânia para desenvolver a sua força aérea", disse Lloyd Austin numa conferência de imprensa em Bruxelas.
"Estou satisfeito por a Dinamarca e os Países Baixos irem coliderar esta coligação connosco", acrescentou o secretário da Defesa norte-americano após a décima sexta reunião da coligação de países que ajudam militarmente Kiev a defender-se da invasão russa.
Ao passar a liderar esta coligação ao lado da Dinamarca e dos Países Baixos, os Estados Unidos "estarão em estreita coordenação com a Ucrânia e outros parceiros com foco no desenvolvimento da capacidade de aviões de combate F-16 da Ucrânia".
Em agosto, os Estados Unidos concordaram que aviões de combate F-16 fabricados nos Estados Unidos poderiam ser transferidos para a Ucrânia, e vários países ofereceram-se para entregar essas aeronaves a Kiev ou para treinar os seus pilotos na sua operação.
O facto de os Estados Unidos coliderarem agora essa coligação e terem um maior envolvimento irá acelerar o processo, segundo fontes diplomáticas.
À medida que os Estados Unidos entram na equação, haverá contactos mais regulares para promover doações de F-16, organizar formação de pilotos e equipas de manutenção de aeronaves, explicaram.
Em qualquer caso, o secretário de Defesa norte-americano deixou claro que "levará meses" para dotar a Ucrânia de uma "capacidade inicial" de F-16, que não deverão chegar antes da "próxima primavera".
Austin destacou ainda que a reunião de 50 países que apoiam a Ucrânia, na qual o Presidente do país, Volodymyr Zelensky, participou pessoalmente pela primeira vez, centrou-se, por sua vez, em como "ajudar a Ucrânia a defender-se a longo prazo e como dissuadir ataques nas próximas décadas".
Neste contexto, indicou que os membros do grupo de contacto estão a organizar-se em "coligações de capacidades", o que tornará "a assistência à segurança mais ágil e contribuirá para garantir o futuro da Ucrânia".
Algumas destas coligações já foram formadas, como a já referida coligação F-16 e a coligação de tanques liderada pela Alemanha, mas haverá outras que tratarão, por exemplo, de forças navais.
A Estónia e o Luxemburgo liderarão uma coligação focada no apoio à infraestrutura informática da Ucrânia, enquanto a Lituânia lidera a ajuda a Kiev para neutralizar a propaganda russa em território ucraniano.
"Também tenho orgulho de anunciar que os Estados Unidos se juntarão a várias outras dessas coligações à medida que se formarem nas próximas semanas, incluindo aquelas focadas na defesa antiaérea blindada e na artilharia da Ucrânia", disse Austin.
O chefe do Pentágono também anunciou hoje que o seu país entregará outro pacote de ajuda a Kiev no valor de 200 milhões de dólares (188,5 milhões de euros), centrado principalmente na defesa aérea e em artilharia.
"Enquanto as tropas ucranianas enfrentam este momento chave no campo de batalha, devemos garantir que a indispensável ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia continua a fluir ininterruptamente", sublinhou.
Austin também saudou os anúncios nos últimos dias de mais ajuda militar à Ucrânia por parte da Alemanha e de Espanha.
Além disso, destacou que o Reino Unido fornecerá mais defesa aérea e munições de artilharia de 155 milímetros, enquanto o Canadá investirá quase 500 milhões de dólares (471,4 milhões de euros) em apoio à Ucrânia nos próximos três anos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.