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Liga Árabe considera "um massacre" intensos bombardeamentos israelitas em Gaza

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Foto EPA

O secretário-geral da Liga Árabe considerou hoje "um massacre" os intensos bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, sublinhando que as operações de retaliação de Israel ao ataque do movimento islamita Hamas "trarão instabilidade e mais ciclos de violência".

Ahmed Aboul Gheit, que discursava na reunião extraordinária dos chefes da diplomacia árabes para debater a evolução da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas, frisou que a retaliação israelita também só trará "mais derramamento de sangue".

Aboul Gheit manifestou também repúdio pelas "punições coletivas praticadas contra os residentes de Gaza" e mostrou-se solidário com o povo palestiniano face ao "massacre que deve ser travado imediatamente e condenado nos termos mais fortes".

"Há sérias possibilidades de a situação se deteriorar e de o âmbito dos confrontos se alargar, possibilidades que espero que não se concretizem porque poderiam empurrar toda a região para uma situação desconhecida", afirmou Gheit, assumindo-se preocupado com a escalada de violência contra a Faixa de Gaza desde sábado, dia do início do conflito.

Nesse sentido, exigiu que, no momento atual, "todos exerçam o máximo controlo e considerem as consequências".

Aboul Gheit apelou também a um "cessar-fogo imediato e ao fim da perigosa escalada" para evitar que se "caia em algo mais perigoso, que expõe a estabilidade de toda a região a uma grave ameaça".

Na intervenção, o secretário da Liga Árabe afirmou que a situação atual é "o resultado de anos de violação dos direitos dos palestinianos", tanto na Cisjordânia como em Gaza, e da criação de "um regime de ocupação que se baseia na realidade [...] no sistema de 'apartheid' e na eliminação da solução de dois Estados através da continuação dos colonatos e da anexação de terras".

Aboul Gheit insistiu no desenvolvimento da proposta dos países árabes de implementar a fórmula dos dois Estados para alcançar "a paz e a estabilidade na região" e "acabar com a ocupação", bem como "estabelecer um Estado palestiniano independente nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital", solução também defendida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino.

Na reunião no Cairo, Nasser Burita, chefe da diplomacia de Marrocos, país que retomou em dezembro de 2020 as relações diplomáticas com Israel, apelou também a que se "dê toda a proteção" aos civis encurralados na Faixa de Gaza.

"O facto de os civis serem visados em qualquer lugar é uma fonte de grande preocupação. Devemos sublinhar a importância de lhes dar toda a proteção, de acordo com os artigos do direito internacional", disse Burita durante a sessão de abertura desta sessão, presidida por Marrocos.

O ministro marroquino qualificou como "catastrófica" a situação em Gaza e recordou a "deslocação maciça" de pessoas que fogem dos bombardeamentos israelitas incessantes no enclave, que está sujeito a "um bloqueio total", que inclui "o corte de água e a proibição de entrada de alimentos, medicamentos e combustível".

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, o "cerco" a Gaza está a acontecer "no meio da emergência de um discurso sistemático e horrível de erradicação que não augura nada de bom para o futuro próximo", lembrando que "a violência só conduz à contra violência".

"Os acontecimentos sangrentos e horríveis a que todos assistimos nos últimos dias e a violência sem precedentes e a tensão perigosa que os acompanharam são uma indicação de que estamos perante uma situação sem precedentes que pode levar o conflito a uma fase cujas características e repercussões no futuro da Faixa de Gaza serão sentidas por todos", advertiu.

Os bombardeamentos incessantes dos últimos dias causaram uma destruição maciça, matando 1.055 pessoas e ferindo mais de 5.000, demolindo completamente mais de 500 edifícios residenciais e três escolas, segundo as autoridades de Gaza.

Do lado de Israel, a ofensiva do Hamas causou pelo menos 1.200 mortos, 170 deles militares.