Mundo

Presidente e Governo de Portugal condenam actos "inadmissíveis" no Brasil

FOTO ANDRÉ BORGES/EPA
FOTO ANDRÉ BORGES/EPA

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, condenou hoje o que classificou como "atos inadmissíveis e intoleráveis em democracia" protagonizados por apoiantes do ex-chefe de Estado brasileiro Jair Bolsonaro contra as sedes do poder em Brasília.

Em declarações ao telefone no Jornal da Noite da SIC, o chefe de Estado português manifestou a solidariedade de Portugal para com o novo "poder legitimamente investido" no Brasil após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente. Marcelo reiterou o "apoio e a solidariedade de Portugal a um mandato que tem de ser respeitado", manifestando-se convicto de que a comunidade internacional, a CPLP e a União Europeia farão o mesmo. "Todos os atos com caráter inconstitucional e ilegal são inaceitáveis", assinalou o chefe de Estado português, ao comentar os acontecimentos em Brasília.

Falando também por telefone no Telejornal da RTP, o Presidente português disse não ter falado ainda com o seu homólogo brasileiro, considerando que, neste momento, terá "outras ocupações mais urgentes". "Terei certamente oportunidade de lhe dizer aquilo que é a posição portuguesa: Portugal tem uma única política externa e é de repúdio por atuações chocantemente inconstitucionais e ilegais e, por outro lado, solidariedade total relativamente a quem iniciou há uma semana o seu mandato, investido pelo povo brasileiro, pelo voto, investido pelo Congresso dos deputados -- tendo eu, aliás, estado presente nesse momento (...)", disse. Marcelo Rebelo de Sousa reforçou que Lula da Silva "detém a legitimidade democrática" e deve exercê-la.

Também o Governo português condenou hoje a "violência e desordem" em Brasília, onde apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram esta tarde as sedes dos três poderes, e reiterou o seu "apoio inequívoco às autoridades brasileiras". "O Governo português condena as ações de violência e desordem que hoje tiveram lugar em Brasília, reiterando o seu apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade", lê-se num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. Na mesma nota, o executivo português transmite a sua "inteira solidariedade à Presidência da República do Brasil, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, cujos edifícios foram violados nas manifestações anti-democráticas que tiveram lugar esta tarde".

Centenas de apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram hoje o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, numa manifestação em que pedem uma intervenção militar para derrubar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma semana após a sua tomada de posse. A polícia brasileira usou gás lacrimogéneo para tentar, sem sucesso, travar os manifestantes, que estavam concentrados no exterior do edifício.