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2023: Vamos à Luta!

Dos governos, esperamos capacidade de resposta; da oposição, de escrutínio e alternativa

A Festa do Dezembro madeirense é sempre retemperadora, momento de reunião de familiares e amigos que celebram o conforto do lar da terra. Este ano foi mais qualquer coisa: foi sobre os reencontros adiados durante a pandemia; sobre o regresso à normalidade; sobre a saudade dos que partiram e a alegria dos que chegaram. Desta vez, a Festa voltou com tudo a que temos direito. Agora, é tempo de abraçarmos o novo ano bem conscientes do que enfrentaremos - e que exigirá coragem para lutar.

Este ano vamos à luta por condições de vida dignas para todos. Não vale a pena descrever o cenário de dificuldades cujas origens todos conhecemos. Do que precisamos mesmo é de perseverança para resistir-lhes e de criatividade para superá-las - e se é isso que se espera de cada um de nós, é o que se exige também a quem decide o nosso destino. Nessa matéria, não há responsabilidades distintas entre níveis de governação: Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, Governo Regional e da República, todos têm o dever de corresponder às necessidades dos cidadãos. Também não há distinções partidárias: na Madeira, compete ao PSD e ao CDS governarem melhor, utilizando todos os mecanismos autonómicos de que dispõem; no país, compete ao PS estar à altura do voto de confiança reforçada que os portugueses nos deram nas últimas eleições.

Dos governos, esperamos capacidade de resposta; da oposição, de escrutínio e alternativa. É por isso que também vamos à luta no PS Madeira: por ser nosso dever apresentar aos madeirenses um desígnio; um horizonte alargado de esperança optimista e com objectivos concretos; um caminho e um destino para a luta. Enquanto principal partido da oposição, os madeirenses esperam que sejamos capazes de dar um sentido concreto à luta de todos aqueles que ambicionam verdadeiramente um futuro diferente: com acutilância na crítica à governação; com visão clara na construção de propostas concretas, que todos compreendam, reconheçam e valorizem como alternativa. Vamos à luta para contrariar o fatalismo regional que nos empurra para o mesmo resultado governativo ao fim de 50 anos; para o mesmo desfecho político de partidos de oposição enfraquecidos, movimentos da sociedade civil inexistentes e comunicação social condicionada; para o mesmo resultado social de pobreza, desigualdade, precariedade, baixos salários e emigração; para o mesmo resultado económico limitado de um tecido empresarial refém de uma anormal configuração democrática.

No desporto, vamos à luta pelo Marítimo, de quem se espera, depois de um momento de mudança sufragado pela maioria dos sócios, capacidade de reinvenção para encontrar soluções para o momento dificílimo que atravessamos no futebol profissional e de que depende a solidez de toda a estrutura. De nada nos servirá o património edificado ao longo de décadas com grande orgulho, ou o investimento desportivo apregoado no presente como reflexo de uma ambição futura maior, se não formos capazes de cumprir o essencial: mantermo-nos na I Liga, como marca regional no panorama desportivo nacional. Os maritimistas e os madeirenses têm correspondido com grande apoio e certamente fá-lo-ão no próximo jogo; agora, é preciso que quem lidera, quem treina e quem joga, corresponda igualmente ao peso da camisola que veste.

Vamos à luta pelo CAB Madeira, que também vive um momento de relativa fragilidade - e que superaremos. O CAB não é só um clube de basquetebol; é o clube que representa na Região o expoente máximo da modalidade e a ambição de um projecto que ultrapassou as paredes do pavilhão para se implementar como representação da força de um bairro social, a Nazaré, e da oportunidade para sonhar mais alto. As condições são exigentes: o investimento da Região já foi maior; as instalações já mereceram outro tipo de atenção governativa; e os resultados já foram melhores. Porém, com a união de todos os Amigos, conseguiremos ultrapassar estes desafios.

Reconheço que estas são causas difíceis, mas não cedo à frustração de dificuldades momentâneas e abraço com entusiasmo a perspectiva do sonho de tornar o impossível em possível. É para isso que nos convoca o novo ano, na nossa vida pessoal e colectiva: precisamos do melhor de todos para superarmos a exigência do tempo que vivemos. O mote está escolhido: em 2023, vamos à luta - pela Madeira e pelos madeirenses!