Fiéis procuram-se… e missas com padres presentes também
“O Bispo do Funchal só ficará satisfeito quando 100 por cento dos madeirenses forem à missa todos os domingos”. D. Nuno Brás, Bispo do Funchal, a falar de si próprio na terceira pessoa, fez-me lembrar aqueles jogadores de futebol que de vez em quando se lembram de dizer em entrevistas que jogam com “Jésuis”, pecam a vida toda e vão à igreja uma vez por semana para passarem por bonzinhos.
Não estive muitas vezes com D. Nuno Brás, mas vi-o recentemente na canjinha na única vez na vida que me levantei de madrugada para ir à saída de uma missa do parto. Sim, à saída, porque eu não sou adepta de missas, sejam elas quais forem. Nem que tenha um licor e uma sandes de carne de vinho e alhos na porta. Para falar com o meu amigo “lá de cima”, puxo o número direto, que nunca fui de intermediários. Digo o que tenho a dizer e ponto.
Na Missa do Parto da Nazaré, vi tanto beato e tanta beata que até saía fumo. E não era da canja. Mas penso que o nosso Prelado, ao proferir a frase acima num dos muitos momentos da entrevista da passada terça-feira à RTP/Madeira, não se deve ter lembrado que ele próprio tem a fórmula para o sucesso do seu vaticínio. Missas do Parto ao domingo. Todos os domingos. Se não as quiser nesse dia, reservando-o aos verdadeiros homens e mulheres de fé, pode sempre fazer ao sábado ou até à quarta-feira, para que os fiéis (!) possam ter um motivo para conviver a meio da semana. Ávidos de se verem uns aos outros, bebericarem uns licores e irem mais contentes para o trabalho. Senhor Bispo, uma coisa posso garantir. Vão estar lá todos. E até pode ser uma missa do parto às 19 horas, porque sabe que as crianças nascem quando querem. Ainda bem, senão os obstetras só trabalhavam das 5 às 7 da manhã. Sabe, na Igreja do Colégio houve missas do parto todos os dias às 19 horas com o padre da Paróquia de Fátima, que fechou portas esses dias todos. Modernices, eu sei. Mas não fui eu que fiz as agendas e disse às beatas da Rochinha que tinham de ir à cidade de noite se quisessem rezar até ao Natal. Sabe, sr. Bispo, se está tão preocupado com a taxa de sucesso da sua Igreja, pode sempre fazer como o pároco do Monte, que no primeiro domingo de Setembro, chegou ao altar e deu “play” num áudio, justificando aos fiéis que tinha de ir pregar para outra freguesia. Bolas, ele podia ter avisado, que os fiéis ficavam em casa a ver a missa na televisão. Pasmei quando me contaram e mais pasmada ainda fico se o senhor não souber o que se faz na Igreja da nossa Padroeira. Vá por mim. Arranje uma canjinha, umas sandes de vinho e alhos e uns acordeões e vai ver as igrejas cheias todo o ano. Porque somos 100 por cento madeirenses e gostamos de festas. Até vai haver “overbooking”.