2023: O ano da inteligência artificial?
O ChatGPT demorou apenas uma semana a atingir 1 milhão de utilizadores
Existem poucos temas que têm sido discutidos e acompanhados continuamento ao longo dos últimos anos como a inteligência artificial. Entre promessas de uma revolução absoluta de todos os processos da vida humana e avisos de finais cataclísmicos para a espécie humana, pouco se tem materializado.
No entanto, 2023 promete ser algo diferente com o desenvolver das primeiras soluções práticas e gratuitamente disponíveis assentes na utilização de inteligência artificial. Estas soluções gratuitas podem, inicialmente, parecer ter pouca utilidade e serem quase instrumentos lúdicos, mas esta visão parece-me limitada.
Comecemos pela aplicação ChatGPT. Esta aplicação, ainda em fase de protótipo, permite interagir software programado para simular a conversa humana, com o utilizador humano a poder instruir o programa a responder a diversos pedidos de informação e/ou ação. O leitor que tenha curiosidade aproveite para fazer diversos pedidos, desde pedir uma receita para pataniscas ou perguntar quais são os maiores vendedores mundiais de rolhas.
O primeiro ponto a destacar foi a sua rápida adoção pelo mercado. O ChatGPT demorou apenas uma semana a atingir 1 milhão de utilizadores. Para referência, a Netflix demorou 3 anos e meio, o Facebook 10 meses e o Instagram 2 meses e meio a atingirem os mesmos valores.
Para além da curiosidade de muitos utilizadores que querem testar as possibilidades e limitações desta ferramenta, diversos profissionais começaram a usar este protótipo nas suas iniciativas profissionais.
Algumas das aplicações práticas desta ferramenta são a produção de conteúdos escritos para marketeers e gestores de redes sociais, transformar dados não estruturados em dados estruturados (extrair de um texto os dados referentes a datas, pessoas, locais, etc.), gerar conteúdos educacionais, corrigir blocos de programação, entre muitos outros.
A título de uso pessoal, é também uma ferramenta com diversas utilidades. O leitor pode experimentar pedir para que o programa escreva, em português, uma história sobre um rapaz que tem uma aventura numa floresta e regressa a casa ao final do dia depois de uma tarde de aventuras. Com estes pedidos, tem um fornecimento constante de novas histórias que pode contar aos seus filhos.
Outra ferramenta interessante que acompanha esta ferramenta e que também faz uso, de forma inovadora, das capacidades da inteligência artificial é o Dall-e. Esta ferramenta cria imagens em resposta a um pedido do utilizador.
Estas imagens criadas não são a combinação de diversas imagens já disponíveis online, mas sim criações originais que tentam responder ao pedido. Um exemplo interessante seria pedir ao software para fazer uma pintura da ilha da Madeira no estilo do Rembrandt.
Estas aplicações ainda têm diversas limitações. Algumas destas limitações são técnicas, estando aí em fase de desenvolvimento, como evidenciado pelo facto de serem ainda protótipos.
Outra questão fulcral é no referente à posse dos elementos criados. Ambas as entidades afirmam que o utilizador é dono do conteúdo gerado pelas aplicações. No entanto, surgem dúvidas sobre quem tem responsabilidade caso hajam instâncias que ofendam os direitos de terceiros, nomeadamente no referente a infração de marcas registados e de propriedade intelectual.