Forças ucranianas anunciam destruição de dois armazéns de armas em Bakhmut
As Forças Armadas ucranianas anunciaram hoje a destruição de dois armazéns de armas russas em Bakhmut, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, uma das principais frentes de combate entre as partes em conflito.
"Os nossos mísseis e fogo de artilharia atingiram vários objetivos. Em primeiro, elevadas concentrações de pessoal militar e equipamento e, em segundo, dois armazéns de munições em Avdiivka e Liman", informou o porta-voz do grupo oriental das forças orientais do exército ucraniano.
Serhii Cherevati indicou que foram utilizados sistemas de alta precisão como os lançadores de mísseis HIMARS, de fabrico norte-americano, lançadores de foguetes múltiplos autopropulsados e blindados MLRS, que "conseguiram uma precisão única", à semelhança do que já tinha acontecido no fim de semana em Makiivka, também na região de Donetsk, onde as forças russas admitiram a morte de 89 militares.
O porta-voz confirmou que os militares russos "cometeram o erro de utilizar a geolocalização dos seus telemóveis", concentrando muitos efetivos no mesmo local.
"O inimigo não foi capaz de mobilizar adequadamente seu pessoal e a secreta ucraniana aproveitou-se disso", esclareceu.
Apesar de se referir a elevadas perdas do inimigo na zona de Bakhmut, Cherevati ressalvou que as forças russas "não deixaram de atacar o exército ucraniano" e realizaram hoje "mais de 200 ataques com vários sistemas".
A utilização não autorizada de telemóveis em Makiivka por soldados russos já foi admitida pelas forças de Moscovo.
O tenente-general russo Sergei Sevryukov referiu, num comunicado, que os sinais telefónicos permitiram às forças de Kiev "determinar as coordenadas da localização de militares" e lançar um ataque.
Sergei Sevryukov indicou que estão a ser tomadas medidas, que não especificou, para "evitar incidentes trágicos semelhantes no futuro".
O responsável prometeu punir os autores da infração.
O ataque, um dos mais mortíferos contra as forças do Kremlin desde o início da guerra na Ucrânia há mais de 10 meses, ocorreu um minuto após o início do Ano Novo, de acordo com Sevryukov.
As forças ucranianas dispararam seis 'rockets' a partir do sistema HIMARS contra um edifício "na área de Makiivka", na região de Donetsk, onde os soldados russos estavam estacionados.
Dois 'rockets' foram intercetados e derrubados, mas quatro atingiram o prédio e explodiram, provocando o colapso da estrutura.
O vice-comandante do regimento russo está entre os mortos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.