Presidente do Irão promete vingança três anos após a morte do general Soleimani
O Presidente do Irão declarou hoje que o "assassinato" de Qassem Soleimani será "vingado", por ocasião do terceiro aniversário da morte do comandante dos Guardas da Revolução, o Exército ideológico da República Islâmica, assinalado publicamente por milhares de pessoas.
O general Qassem Soleimani, figura carismática e popular no Irão, foi morto num ataque de 'drones' (aeronaves não tripuladas) norte-americanos no aeroporto de Bagdad, em 03 de janeiro de 2020, por ordem do então Presidente norte-americano Donald Trump.
"Não esquecemos nem esqueceremos o sangue do mártir Soleimani", declarou Ebrahim Raisi.
Numa intervenção perante milhares de pessoas que hoje assinalaram o aniversário da morte do general, o Presidente iraniano advertiu "os assassinos e organizadores" do crime que "a vingança do sangue do mártir Soleimani é certa e que aqueles que perpetraram a morte não conseguirão dormir facilmente".
Em 2021, Raisi atribuiu ao ex-Presidente norte-americano Donald Trump a responsabilidade pela morte de Qassem Soleimani e jurou vingança caso não fosse julgado por este atentado.
No entanto, Trump não é o único norte-americano na lista de suspeitos.
O Irão "identificou e indiciou 154 acusados dos quais 96 são cidadãos norte-americanos", declarou o porta-voz da Justiça, Massoud Setayeshi.
Diante da multidão, reunida na maior sala de orações em Teerão num tributo ao antigo comandante da força Quds (o ramo das operações no estrangeiro dos Guardas da Revolução), o Presidente iraniano assegurou que a derrota do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) foi o prelúdio da derrota da "hegemonia americana" no mundo.
"O mártir Soleimani venceu os Estados Unidos, os apoiantes do movimento terrorista e do Estado Islâmico na região (...) e foi o prelúdio da derrota da hegemonia americana no mundo", afirmou perante milhares de pessoas, que agitavam bandeiras ou exibiam cartazes com as fotos do comandante morto há três anos.
O general Qassem Soleimani, o arquiteto das ações militares regionais do Irão, foi morto juntamente com o tenente iraquiano Abu Mahdi al-Muhandis durante um ataque de 'drones' norte-americanos junto ao aeroporto da capital iraquiana, onde tinha acabado de aterrar.
O Irão ripostou cinco dias mais tarde ao disparar mísseis sobre uma base aérea norte-americana em Ain al-Assad, onde estavam estacionadas tropas norte-americanas no Iraque. Teerão também disparou um outro projétil perto de Erbil, norte do país.
Estes ataques não provocaram vítimas entre as tropas norte-americanas, mas Washington declarou que dezenas de pessoas foram vítimas de lesões cerebrais traumáticas após as explosões.
Na ocasião, o Presidente Trump declarou ter ordenado a ação militar com 'drones' em resposta a diversos ataques contra interesses norte-americanos no Iraque, e que outros se seguiriam.
Na segunda-feira, o jornal iraniano Jam Jam, considerado próximo do poder, publicou os nomes e fotos de 51 norte-americanos que disse estarem envolvidos no ataque que visou Soleimani e que estão "sob a sombra da retaliação".
A lista inclui atuais e antigos responsáveis oficiais civis e militares, e ainda pessoal militar envolvido na manutenção de aeronaves em diversas bases.
Raisi acusou os Estados Unidos de promoveram uma "guerra híbrida" contra o Irão, numa referência aos protestos registados no país nos últimos meses após a morte de uma jovem mulher que estava sob custódia policial.
Responsáveis iranianos acusaram Washington e outras potências estrangeiras de terem fomentado os recentes protestos no país, fortemente reprimidos pelas autoridades e com o registo de centenas de mortos e feridos, mas sem fornecerem provas concretas de tal ingerência.