Porque nada me impede sonhar
Inicia-se um novo ano. Semeiam-se votos de desejos de saúde, paz, esperança, numa simples frase de feliz ano novo. Mas será que estaremos realmente a fazer a nossa parte para que esses votos se concretizem? Vivemos num país onde a esperança continua adiada ano após ano. Será porque não tomamos a verdadeira atitude do querer que algo verdadeiramente mude. Será que aquilo que desejamos, por vezes até ansiámos, faria sentido começarmos a ter da nossa parte outro tipo de atitude perante as adversidades que continuam a assolar-nos no nosso dia a dia? A nossa saúde que julgamos e afirmamos não ter preço, a nossa segurança ameaçada por vários fatores, a nossa educação condicionada por dogmas, filosofias e doutrinamentos políticos, os valores que defendemos e que o medo nos impede de lutar e defender a qualquer custo submetendo-nos aos do politicamente correto mesmo que ponham em causa o nosso modelo de vida de sociedade e humanismo que tanto preservamos. Quando sentimos a ameaça de tudo isto, teremos uma enorme dificuldade em avaliar o grau de perigo a que se coloca a nossa verdadeira e autêntica liberdade. Sim! Porque LIBERDADE não é propriamente fazer aquilo que nos apetece, mas sim fazer aquilo que; dentro dos limites do razoável nos proporcione felicidade, bem estar, alegria, segurança, saúde e dignidade num modelo de vida em sociedade. A definição de liberdade poderá ter diversas maneiras de interpretar, mas: Só no direito de um indivíduo proceder conforme lhe pareça, desde que esse direito não vá contra o direito de outrem e esteja dentro dos limites da lei. Eu diria mais: e quando a lei permite que à conta da liberdade se cometam erros, então, altera-se, corrige-se ou simplesmente muda-se a lei. Porque no nosso país quer transparecer que para a classe política o roubo foi legalizado, na Constituição da República parece ter sido institucionalizado dados os sucessivos atos de corrupção que levam a grande maioria dos cidadãos a pensarem nada poderem fazer. Mas atenção! a liberdade permite-nos (aparentemente) a escolher de quem irá gerir os nossos destinos e que infelizmente mais de metade da população decidiu virar as costas à liberdade, por não se rever neste modelo de escolha nem acreditar neste tipo de sistema. Continuamos a adiar o inadiável por estar constantemente em causa o nosso futuro, parece que o medo de mudar incute-nos um receio enorme em de forma livre e sem preconceito alterar «radicalmente» o nosso comportamento perante o constante adiar de soluções que só a nós nos diz respeito. E andamos nisto há quase meio século e ingenuamente imputamos as culpas a todos, quando os verdadeiros culpados da nossa situação seremos em boa parte nós, com o nosso receio a nossa atitude e o nosso comportamento. Inicia-se um novo ano e as mudanças só acontecerão se realmente tivermos a coragem de: querer mudar alguma coisa, para isso o primeiro passo será o de mudar de atitude perante um sistema que impõem o medo a que os cidadãos se manifestem e utilizem livremente a liberdade que a democracia consagra. Democracia não é só votar cada vez que somos chamados, também é o livre expressar dos anseios, sentimentos e desejos de cada um de nós os cidadãos para que de certa forma nos sentamos verdadeiramente livres. Por isso; é hora de começar a pensar em cada um dos nossos problemas, das nossas dificuldades, dos nossos anseios, dos nossos comportamentos e atitudes perante uma sociedade ignóbil e encontrar a formula de os atingir, solucionar e resolver, mas o futuro está nas nossas mãos. Num novo ano que chega, grato por mais uma nova oportunidade do DN-Madeira em permitir expressar a minha opinião com liberdade e não a deixemos fugir no risco de a pouco e pouco deixarmos perder até a nossa liberdade de sonhar.
A. J. Ferreira