Depois do acidente fatal nos Anjos, continuam os turistas a arriscar?
Ainda está na memória o último acidente fatal que vitimou um turista de 30 anos na sequência de uma queda de 80 metros junto à cascata dos Anjos quando estava a tirar uma fotografia. A ocorrência aconteceu na passada sexta-feira. Não é primeira vez, apesar dos avisos para o piso escorregadio, para a sinalização de trânsito proibida. Será que os turistas continuam arriscar? É isso que hoje vamos tirar a limpo.
O relógio apontava 11h45 quando a reportagem do DIÁRIO chegou à cascata dos Anjos, num percurso apeado. Duas barreiras metálicas colocadas tanto no acesso pela vila da Ponta do Sol como pela Madalena do Mar não impediam a circulação viária. Da autarquia sai a justificação que os moradores podem circular.
Mas a maioria está longe de ter atestado de residência porque o selo de rent car na traseira dos carros denuncia a estadia temporária.
Ignora-se a sinalização e percorrem o trajecto parando no local da queda de água. Outros, mais cautelosos mas igualmente imprudentes estacionam os veículos dentro do túnel, uma infracção quase diária, dizem-nos na localidade, que escapa aos olhos dos agentes da PSP.
Mas esse não o nosso foco. Em poucos minutos o ‘spot’ mais visitado do concelho enche-se de gente. Maioritariamente os cabelos loiros denunciam a sua língua. Ingleses, franceses, alemães, polacos, checos… até japoneses. Também portugueses vindos do continente. Ouviram falar da cascata. Da beleza e pouco do perigo que pode representar se ultrapassar as linhas vermelhas.
E há muitos. Há quem traga crianças ao colo. Bebés. Querem um registo na cascata para mais tarde recordar a passagem pela ilha e nem olham para a escarpa corroída da erosão.
O melhor ângulo faz esquecer o perigo. Há quem meta a cabeça na água que cai a pique pensando julgar que a mesma é proveniente de uma nascente ou de uma lagoa abundante. Não imaginam que lá por cima há agricultores a regar os poios que tanta fama também dão à Madeira.
Aos primeiros passos hesitam mas a queda de água é tanta que convida a uma foto arrojada. À vez tiram-se selfies. Outros esperam no muro ‘abocanhado’ pelos desprendimentos das rochas. Há zonas que o muro literalmente desapareceu. Mesmo assim e ainda com piso verde de lodo, espreita-se para o mar.
A resposta à questão inicial parece perfeitamente óbvia: Sim, os turistas continuam arriscar!