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Temporariamente extinta

A procura desenfreada de casos para serem alvo de julgamentos populares é situação lamentável que vem acontecendo demasiadas vezes e com as quais não me identifico. As questões da justiça devem ser tratadas pela justiça e não na praça pública. Ou como arma de arremesso político. Até porque as pessoas presumem-se inocentes até prova em contrário. É assim em democracia.

Outra coisa é a emissão de opinião sobre questões de duvidosa ordem ética e de manifesta inabilidade política dos seus intérpretes.

É neste campo que coloco o caso do desaparecimento da Secretaria de Estado da Agricultura. Sumiço que afinal não é bem. Depois da problemática nomeação da ex-titular do cargo, qual mulher relâmpago que só “calçou” durante umas horas, surge esta subsequente novidade, tornada pública, de que aquela pasta integrante no Ministério com o mesmo nome havia sido alvo de inusitado apagão.

Não faz o menor sentido. Portugal não pode deixar de ter quem trate, para além da Ministra, de matéria tão relevante para o país. Levantaram-se vozes discordantes e veio a insólita explicação. Só estava temporariamente extinta. Como é que disse?

E então porquê? Simples. Ou porque ninguém aceitou ser segunda escolha ou não quiseram sujeitar-se ao novo questionário da moralidade e bom nome para poder entrar no executivo da nação. Ou, quem sabe, as respostas não foram satisfatórias e chumbaram no exame. E até que apareça alguém com disponibilidade e folha limpa fica o país sem a pasta. E a agricultura e os agricultores à espera. Só neste país à beira-mar plantado. As outras plantações ficam em “stand by”.