O palco
A Jornada Mundial da Juventude é importante para Portugal.
É desejada pelo nosso primeiro-ministro, porque vai ajudar Portugal, trazendo uns maravedis e ajudá-lo a ele, a reencontrar o caminho das pedras.
É desejada pelo Presidente da República, porque lá de cima, vão confirmar-lhe o caminho do céu.
É desejada pelo Presidente da CML porque vai incitá-lo a publicar um livro com 100 páginas e 200 fotografias suas no altar, debaixo do altar, nas rampas, nas cadeiras da assembleia, nas instalações sanitárias e a rever-se nos painéis eletrónicos.
O Presidente da Câmara de Loures vai passar a pescar no rio Trancão e a dormir debaixo da ponte.
O Presidente da Câmara de Oeiras, anda a pensar fazer mais um lago com um repuxo junto à assembleia, porque no verão, a coisa refresca.
Quanto aos 80 % dos portugueses católicos apostólicos romanos, da IURD, Jeovás, os Meninos de Deus e os do 7º Dia vão ficar felizes.
Quanto aos outros 20%, ateus, agnósticos, islamitas, hinduístas, budistas e mais não sei quê, como diria o RAP, vão ser pagadores, não utilizadores.
Diz-se que o palco já tinha sido pensado para vir a ser lugar de outros eventos. Aguardemos com serenidade a altura, de lá irmos ver tocar “A Porca da Martingança” ou cantar o “Afinal havia outra”. Isto é, sete mil monos, ou melhor - Sentemo-nos!
Atempadamente, teria havido para o palco um concurso público internacional, mas como estamos num universo intemporal, passou-se a um ajuste directo.
Parece que foram informalmente consultadas várias empresas, das quais, uma é conhecida e as outras, talvez conhecidas daquela.
O Presidente da CML diz que fará tudo, o que o outro, Mais Presidente ou a Igreja mandarem. Deus permita que não queiram mais um Cristo -Rei do lado de cá, a dizer adeuses ao do lado de lá.
Quanto a mim, que pertenço aos 20% acima referidos, mas tenho uma grande admiração pelo Papa Francisco, estou um pouco constrangido. Ele, homem humilde, contido, inteligente e arejado, vai ficar mesmo envergonhado.
Se houver Deus, que nos proteja.
Francisco Teves