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Lavrov diz a Israel estar pronto para ajudar "reinício do processo de paz" palestiniano

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Foto EPA

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, manifestou hoje ao seu novo homólogo israelita, Eli Cohen, disponibilidade para apoiar o reinício do processo de paz palestiniano, perante recentes tensões com o novo governo de Benjamin Netanyahu.

"Os ministros [Lavrov e Cohen] passaram em revista a situação no Médio Oriente e no Norte de África. Ao discutir o acordo israelo-palestiniano, o lado russo salientou a sua disponibilidade para continuar a ajudar a reiniciar o processo de paz numa base jurídica internacional geralmente reconhecida", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo numa declaração.

Lavrov disse também ao chefe da diplomacia israelita que espera "reforçar o potencial de cooperação comercial e económica" com Israel e que Moscovo apoia a "normalização" da situação na Síria.

"Serguei Lavrov reafirmou a posição da Rússia a favor da normalização da situação na Síria através de métodos políticos e diplomáticos, respeitando a sua soberania e integridade territorial e a necessidade de eliminar a ameaça terrorista neste país, de acordo com a resolução 2254 do Conselho de Segurança das Nações Unidas", adiantou a mesma fonte.

A conversa surgiu após o novo ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, ter visitado a Esplanada das Mesquitas, o que vários países muçulmanos e árabes descreveram como uma provocação.

A visita de Ben Gvir à Esplanada das Mesquitas foi também criticada pelos Estados Unidos e França, que apelaram à manutenção do status quo, bem como pela Autoridade Palestiniana, que alertou para o perigo de tais ações.

Washington tem enfatizado repetidamente a sua defesa de uma solução de dois Estados na região, enquanto Netanhayu sublinhou nas últimas semanas que "o povo judeu tem um direito exclusivo e inquestionável a todas as áreas em Israel" e avançou que irá insistir na expansão dos colonatos na Cisjordânia.

 De acordo com o estatuto vigente desde 1967 - quando Israel ocupou a parte oriental de Jerusalém, onde fica a Esplanada - o local é reservado exclusivamente para o culto de muçulmanos, enquanto os judeus só podem entrar como visitantes, já que as leis judaicas proíbem os seus fiéis de rezar no lugar mais sagrado da sua religião, algo reservado apenas para alguns rabinos.

A visita de Ben Gvir, que percorreu o complexo e nunca parou para rezar, foi condenada tanto por fações palestinianas na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza, como por vários países árabes e muçulmanos, bem como pela Liga Árabe e pela Organização de Cooperação Islâmica (OIC).

Benjamin Netanyahu defendeu a polémica visita, dizendo que não representa uma mudança no estatuto do local, sagrado para judeus e muçulmanos.