Vencedor da Bolsa de Criação Artística apresenta resultado de residência amanhã
Miguel Bonneville, vencedor da bolsa de criação artística na vertente da escrita, encontra-se a desenvolver o seu projecto 'Uma fronteira é uma orla ardente', no Município do Funchal, durante os meses de Novembro, Dezembro e Janeiro.
A conversa decorrerá amanhã, dia 4 de Janeiro, no foyer do Teatro Municipal Baltazar Dias, com Carlos Barradas acerca de São Francisco de Assis no Funchal. No final desta residência artística, o Miguel Bonneville apresentará o seu livro inspirado na herança de São Francisco de Assis no Funchal, intitulado “Uma fronteira é uma orla ardente”.
Para Miguel Bonneville, a Bolsa de Criação Artística do Funchal é uma mais-valia para estes projectos artísticos, sobretudo para a área da escrita, disponibilizando diversas condições para o desenvolvimento do seu projecto literário. A cidade do Funchal foi considerada o local ideal para o desenrolar desta residência, uma vez que uma das figuras principais de referência para a investigação, São Francisco de Assis, tem uma ligação com a ilha, nomeadamente as matérias de pesquisa as heranças franciscanas madeirenses, mais precisamente, na cidade do Funchal.
'Uma fronteira é uma orla ardente' é um livro de poesia que tem como figura central e de estudo, São Francisco de Assis na ilha da Madeira, pretendendo aprofundar o estudo da mística, a relação humano-animal e a relação civilização-natureza. Para além disso, o livro inclui reflexões alusivas ao santo e às suas heranças físicas e espirituais, à estada do vencedor no Funchal e a influência das paisagens funchalenses no seu dia a dia.
Segundo Miguel Bonneville, este projecto surgiu à medida que foi criando os projectos 'A Importância de Ser Georges Bataille', 'Ensaios de Santidade' e 'Religião e Moral', desenvolvidos entre 2017 e 2019, que implicaram uma pesquisa em torno do misticismo e da espiritualidade. Durante este processo de criação, Miguel leu o livro 'Espera de Deus', da filósofa francesa Simone Weil, no qual se debruçou sobre uma passagem da obra que o fez questionar diversas situações, nomeadamente, “O que pode ser uma santidade nova?”, “O que significa ser santo?”, “O que pode ser um santo hoje?”, “eu posso tornar-me santo? Como?”, levando à construção deste livro, como meio para tentar obter as respostas a estas perguntas.
Mais sobre o Miguel Bonneville:
Miguel Bonneville, nascido em 1985, tem apresentado o seu trabalho nacional e internacionalmente, sobretudo projetos seriados “Family Project”, “Miguel Bonneville” e “A Importância de Ser”, desde 2003. A sua paixão pela escrita derivou da leitura, sendo que o primeiro conto que escreveu foi por volta dos 8 anos, tendo escrito regularmente a partir dos 14 ou 15 anos, sobretudo guiões para cinema, cartas e poemas.
As suas obras são baseadas em histórias autoficcionais, centradas na desconstrução e reconstrução da identidade, através de obras que cruzam múltiplas áreas artísticas. Bonneville, diretor artístico do Teatro do Silêncio, foi galardoado com o prémio da Rede Ex Aequo (2015) pelos espetáculos “Medo e Feminismos”, em colaboração com Maria Fil, e “A importância de Ser Simone de Beauvoir”.