Mundo

Opositora acusa partidos da oposição de conversão ao sistema na Venezuela

None

A líder do partido "Vente Venezuela" (VV, centro-direita), a opositora Maria Corina Machado, acusou segunda-feira os principais partidos da oposição venezuelana de se terem "convertido em parte do sistema" e instou a população a afastá-los.

A acusação foi feita através de um vídeo divulgado nas redes sociais onde a também ex-deputada afirma que há oportunidade para um câmbio político no país, com as presidenciais de 2024.

"Ficou claro que para derrotar o regime temos primeiro de afastar essa oposição", diz Maria Corina Machado, fazendo referência à recente decisão dos principais partidos opositores de acabar com o "governo interino" liderado por Juan Guaidó.

No vídeo, a ex-deputada diz ainda que "o regime está a agir habilmente em conjunto com os seus parceiros e cúmplices" e que "os derrotados estão a desempenhar o papel dos derrotados, apelando à derrota do país".

"Os espetáculos dantescos que estão a dar de ambos os lados, não nos podem paralisar, pelo contrário, finalmente, compreendemos que se a liderança da oposição cai nas armadilhas e tentações da tirania, ela torna-se parte do sistema e parte do problema", frisa a líder do partido VV.

Segundo Maria Corina Machado "a nova liderança [opositora] não pode ser escolhida pelos criminosos do regime, nem pelos seus cúmplices e derrotados", mas pelos venezuelanos "em qualquer parte do mundo".

A opositora pede à população local que "assuma o compromisso" de "ativar-se já" para "combater a campanha de desmoralização de um regime que quer assustar", que "se organize" e que "erga a voz" para que as primárias da oposição sejam por "votação manual".

"Se estás fora da Venezuela, eu preciso de si. Peço-te que te faças ouvir. Em primeiro lugar combate as mentiras de um regime que diz ao mundo que a Venezuela 'se arranjou'. Em segundo lugar, organiza-te, contacta todos os venezuelanos que conheças na povoação ou cidade onde vives e trabalhas, e cria redes de informação, pressão e solidariedade", afirma a opositora.

Maria Corina Machado pede ainda aos emigrados que exijam que lhes seja permitido votar no estrangeiro e sublinha que "o exercício da cidadania exige responsabilidade" para se converter numa "legião invencível".

A líder do VV começa o vídeo manifestando preocupação porque "a qualidade de vida dos venezuelanos continua a se deteriorar a cada dia que passa" e porque no último ano o bolívar (a moeda venezuelana) "perdeu 75% do seu valor" e quase mais um milhão de venezuelanos deixaram o país. E também porque em 2022 "dezenas de trabalhadores foram perseguidos e presos por protestar contra os salários de miséria" e "274 venezuelanos, civis e militar, passaram o Natal num cárcere infame, presos por defenderem as suas ideias".

"O que está para vir é o maior desafio que uma sociedade pode enfrentar: A luta pela liberdade. E, temos de compreender e assumir que hoje existem duas visões opostas da Venezuela. Há os que querem manter a Venezuela na escuridão, avançando em direção ao abismo (...) e os que querem uma mudança real", afirma.

Maria Corina diz ainda que a Venezuela é atualmente "um país que cai aos bocados, maquilhado de luxo e opulência, de ferraris que competem em La Carlota [Caracas], e de feiras que terminam em orgias" apesar de a bolsa de alimentos a preços subsidiados chegar "com farinha com gorgulho".