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PM espanhol rejeita "ódio e violência" após atentado de Algeciras

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O primeiro-ministro espanhol rejeitou hoje o "fanatismo, o ódio e a violência" após o atentado de quarta-feira em Algeciras, em que um marroquino matou o sacristão de uma igreja, recordando que Espanha é um país "aberto e tolerante".

Pedro Sánchez falava durante uma visita à base logística do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP), no porto de Las Palmas, na ilha Gran Canária, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação espanhol, José Manuel Albares, e a ministra da Saúde, Carolina Darias.

Ali, o chefe do executivo espanhol aproveitou a oportunidade para rejeitar "categoricamente o fanatismo, o ódio e a violência" e sublinhar que Espanha é hoje "um país aberto, tolerante, cujos princípios estão consagrados na Constituição".

Por isso, afirmou que "qualquer agressão" contará com a mesma resposta da sociedade espanhola, "que não é outra senão a de rejeição dessa violência, de unidade, de tolerância e do nosso total e firme alinhamento com os valores que se enquadram na nossa Constituição".

O homem que na quarta-feira matou uma pessoa e feriu outras quatro com um machete em igrejas do sul de Espanha atuou sozinho e as autoridades não suspeitam de outros envolvidos neste ataque, indicou o ministro da Administração Interna espanhol.

O ministro Fernando Grande-Marlaska apelou ainda à prudência nas declarações sobre este ataque em Algeciras, na região da Andaluzia, e disse ser necessário esperar pelo avanço da investigação -- que disse estar a ser feita de forma "rápida e eficaz" - para determinar a sua natureza.

A casa onde vivia o alegado autor do ataque, que foi detido na quarta-feira, foi revistada na quinta-feira pelas autoridades, "uma diligência importante, cujo desenvolvimento poderá determinar a natureza dos factos, a sua natureza terrorista ou qualquer outra", observou o ministro.

De acordo com informação enviada à imprensa pelo Ministério da Administração Interna espanhol, o homem detido na quarta-feira tem 25 anos, nacionalidade marroquina e, desde meados do ano passado, um processo de expulsão de Espanha, por estar a viver no país em situação irregular.

O processo, segundo as autoridades espanholas, era de caráter administrativo, estava a seguir o curso habitual nestes casos e não implicava a expulsão imediata de Espanha, onde o detido reside desde 2019.

O homem "não tinha antecedentes penais ou em matéria de terrorismo em Espanha ou em países aliados", segundo a mesma informação.

Uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas na quarta-feira num ataque em igrejas em Algeciras, depois de agredidas com uma arma branca por um homem que foi em seguida detido.

O homem dirigiu-se a pelo menos duas igrejas no centro de Algeciras e, com gritos de "Alá", atacou várias pessoas com uma arma semelhante a uma catana, tendo uma delas, um sacristão, sucumbido aos ferimentos, segundo as autoridades espanholas e os relatos divulgados pelos meios de comunicação social.

Outra das pessoas atacadas, um padre, ficou ferida com gravidade, segundo as mesmas fontes.

O ataque ocorreu por volta das 20:00 locais (19:00 em Lisboa) e, segundo o Ministério Público espanhol, está a ser investigado como "alegadamente terrorista".

Desde que foi conhecido o ataque que se têm sucedido em Espanha os apelos à calma e à prudência nas declarações sobre os acontecimentos em Algeciras.

A Conferência Episcopal Espanhola, que representa os bispos, condenou o ataque e pediu para "não se demonizar coletivos e grupos".

O secretário-geral da Conferência Episcopal Espanhola, César García Magán, pediu que se deixem trabalhar as forças de segurança e de investigação policial, para serem determinadas as causas deste ataque "lamentável, injustificável e execrável", e sublinhou como a comunidade islâmica em Espanha condenou de imediato o que aconteceu na quarta-feira em Algeciras.

A Comissão Islâmica de Espanha "expressa os seus mais sentidos pêsames e apoio às vítimas do atentado em duas igrejas de Algeciras", disse na quarta-feira à noite o líder desta entidade, que representa as comunidades religiosas islâmicas que vivem no país, sendo uma interlocutora reconhecida pela Estado espanhol.

O líder desta comissão, Mohamed Ajan, acrescentou que qualquer crente deve sentir que quando está num local de culto "está num oásis de paz que não deve ser perturbado por nenhum motivo" e disse acreditar que "o agressor será levado perante a justiça" e esperar que o ataque "não vai perturbar a paz social no município de Algeciras".

Também diversos líderes políticos condenaram o ataque e apelaram para a calma e a prudência, pedindo para se fazer a distinção entre fenómenos radicais ou fanáticos e toda uma comunidade ou religião.