eleições legislativas Madeira

Para travar 'mão' de Ventura a PSD/CDS, oposição pondera aliança pós-eleitoral

Há cerca de dois anos André Ventura foi recebido por Miguel Albuquerque na Quinta Vigia.   Foto Arquivo/Aspress
Há cerca de dois anos André Ventura foi recebido por Miguel Albuquerque na Quinta Vigia.   Foto Arquivo/Aspress

Os partidos da oposição não devem ficar atrás na possibilidade do partido de André Ventura conseguir votos suficientes que obriguem PSD e CDS, que devem ir coligados nas próximas legislativas regionais, a negociar e a abrir à entrada no Governo Regional, tal como já ocorreu nos Açores.

Pelo menos PS, JPP e PAN já o afirmaram, enquanto o BE e o PCP optam por aguardar para uma resposta mais assertiva. Da parte do PSD, Albuquerque não fecha essa porta, da parte do CDS está seguro quanto ao lugar que alcançou após as eleições de 2019 e da parte do Chega, partido em maior ascensão no panorama nacional (a par da Iniciativa Livre, pelo menos a avaliar pelas últimas eleições nacionais), há agora maior abertura para deixar de ser a ruptura com o sistema.

É esse o resumo que se pode fazer de mais uma abordagem à política regional em ano de eleições - em Setembro ou Outubro -, publicada hoje pelo Diário de Notícias (Lisboa) com o título "Ventura estende a mão a Albuquerque para formar governo na Madeira".

Também no artigo começam por um resumo: "Chega está disponível para negociar acordo, diferente do que existe nos Açores, que garanta a continuidade do PSD no governo regional. Albuquerque, que já defendeu que o partido de Ventura é 'como qualquer outro', prefere, agora, ficar em silêncio e diz não precisar do CDS 'para viver'. Oposição pondera apoiar PS para travar a 'extrema-direita'."

Do Chega, escreve o DN, há "a garantia dada por André Ventura de que 'seremos sempre parte da solução e nunca parte do problema. Se esse cenário [o PSD não conseguir maioria] se vier a verificar, o Chega avaliará se há condições políticas para formar governo com o PSD'".

Mas há mais. "André Ventura, que se vê 'como oposição e uma alternativa ao atual governo PSD-CDS' na Madeira, admite 'negociações' com Albuquerque e 'formar governo' garantindo que 'não voltaremos a aceitar um acordo nos mesmos moldes do que existe nos Açores'", diz.

No artigo, até Miguel Castro, líder regional do partido de Ventura, potencial cabeça-de-lista e governante nesse cenário, "assegura que 'nunca será pelo Chega, que a Madeira ficará ingovernável. Muito pelo contrário, queremos ser parte da solução é nunca um problema'. Ou seja: 'Iremos sentar-nos à mesa e obviamente conversar', mas 'viabilizando uma solução de governo na Madeira, o Chega não abdicará de participar e de estudar e aprovar, ou reprovar os atos governativos'."

Diz o DN que o 'caderno de encargos' é claro: "Combate à corrupção", "redução de impostos e da carga fiscal sobre o trabalho, IRS e IVA", "maior fiscalização à subsídio dependência", "resolução da linha marítima com o continente, de passageiros e de cargas", "reajustar o subsídio de mobilidade [transporte aéreo] para os madeirenses e porto-santenses".

José Manuel Rodrigues, presidente da Assembleia Legislativa da Madeira e do CDS/PP, também é ouvido e "acredita que não será necessário 'recorrer a qualquer outra disponibilidade política [para além da do CDS]' para garantir uma 'maioria absoluta', que a coligação PSD/CDS 'não vai precisar de outro partido para governar'", enquanto que Miguel Albuquerque, que defende a atual coligação porque 'subtrair, diminui', entende que não é sinal de 'fraqueza' o PSD não ir sozinho a votos: 'Se você dá um sinal de que vai mudar agora é sinal de que alguma coisa estava a correr mal'. É por isso, justifica, 'sinal de inteligência política e de perspetiva política porque em política você não pode dar sinais de fraqueza'", cita o DN.

Já sobre os partidos da oposição é citado Élvio Sousa que admite essa possibilidade de coligação, pois um "possível acordo que se deseja ser transparente, e à vista de todos". E questiona o PS: "Terão os partidos tradicionais a força e a transparência necessárias para acompanhar as nossas propostas, nomeadamente para travar um regime de monopólios que condiciona o custo de vida dos cidadãos insulares?".

Joaquim Sousa, porta-voz do PAN-Madeira, diz que o partido estará "disponível para ponderar essa solução como hipótese desde que exista uma mudança de estratégia, uma alternativa de governação séria, focada na transparência (que hoje não existe e os interesses dos negócios confundem-se com o interesse público), no crescimento económico (que chegue a todos e não apenas aos grupos económicos ligados ao regime, que provocou que os jovens hoje estejam condenados a partir por falta de oportunidades) e no desenvolvimento socioambiental (que deixe de assentar em pouca formação, baixos salários, carunchos e na betonização do território)", citado no artigo.

Por fim, Sérgio Gonçalves, é citado a dizer que tem como "prioridade assegurar uma solução governativa estável, transparente e democrática, protagonizado pelo PS" porque o governo "que temos está esgotado e a esgotar a Madeira (...) virou as costas aos Madeirenses e está mais preocupado em inventar obras, segundo os próprios, ou em gastar 33 milhões de euros por ano em nomeações políticas".