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Brasil recorda 10 anos do incêndio na discoteca que matou 242 pessoas

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Foto Reuters

A cidade brasileira de Santa Maria, no sul do país, recordou hoje o trágico incêndio em que 242 pessoas morreram há dez anos, na sua maioria jovens, e cujas famílias e sobreviventes continuam a clamar por justiça.

 "Dez anos foram marcados por uma grande luta pela justiça, que deveria ser um serviço à sociedade e não apenas para nós", disse à agência espanhola Efe a presidente da Associação de Familiares e Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Gabriel Barros.

Na madrugada de 27 de janeiro de 2013, um incêndio na discoteca Kiss matou 242 pessoas e feriu 636 outras, um evento cuja responsabilidade ainda não foi estabelecida pelos tribunais e que dez anos mais tarde permanece impune.

Em agosto passado, por dois votos contra um, o sistema de justiça regional, argumentando irregularidades durante o julgamento, algumas das quais relacionadas com a escolha do júri e anulou o julgamento de dezembro de 2021, pelo qual quatro pessoas foram condenadas.

Os condenados foram os sócios da discoteca, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, assim como Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, cantor e assistente, respetivamente, do grupo Gurizada Fandangueira, que atuaram nessa noite na discoteca.

Antes da anulação do julgamento, os envolvidos tinham recebido penas de prisão entre 18 e 22 anos por um júri de sete membros, que os considerou culpados dos crimes de homicídio e tentativa de homicídio pela sua responsabilidade no incêndio.

"É nosso direito que haja alguém responsável por tudo o que aconteceu. Esta impunidade nestes dez anos, para além de ser absurda devido à falta de resposta, magoa-nos todos os dias porque nos impede de dar sentido a tudo o que aconteceu", disse Barros, que também é uma sobrevivente.

Na quinta-feira, os habitantes de Santa Maria, um dos centros universitários do Rio Grande do Sul, um estado limítrofe da Argentina e do Uruguai, prestaram homenagem às vítimas na praça central do município.