Média de alunos por computador já é mais baixo no público do que no privado
O número de computadores nas escolas mais do que duplicou em 2020/2021 e a média de alunos por equipamento passou a ser mais baixa no público do que nos colégios privados, segundo um relatório do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Depois de uma pandemia que obrigou as escolas a funcionarem à distância, o Governo acelerou a transição digital na Educação e adquiriu cerca de um milhão de computadores para distribuir pelos alunos.
Segundo o relatório "Estado da Educação 2021", divulgado hoje pelo CNE, há dois anos as escolas tinham já 628.610 computadores, entre os estabelecimentos de ensino públicos e privados.
Olhando apenas para as escolas públicas, o número de equipamentos disponíveis (562.571) mais do que duplicou face ao ano letivo anterior, quando o CNE tinha contabilizado 236.322 computadores.
O reforço do parque informático foi tal que, a partir desse ano, a média de alunos por computador passou a ser mais baixa no setor público do que no privado, registando-se a maior diferença no 1.º ciclo, em que passou a haver 1,8 alunos por computador (eram 5,8 em 2019/2020) nas escolas públicas, contra 4,4 nos colégios.
A tendência repete-se em todos os ciclos e mesmo no secundário, onde a diferença é menor, havia 2,1 alunos por computador no público, enquanto a média era 2,8 no privado.
No entanto, o CNE refere que, para cumprir os objetivos de assegurar o acesso às tecnologias digitais e à aquisição de competências, "não basta equipar as escolas com computadores", mas "importa também desenvolver abordagens pedagógicas que promovam a aquisição de competências digitais e experiências de aprendizagem ativas".
A propósito do parque informático das escolas, o relatório sublinha "uma enorme revolução" no ano letivo 2020/2021.
"Enquanto nos anos letivos precedentes os computadores de secretária, com mais de três anos, constituíam a maior parte dos dispositivos informáticos, no último ano os computadores portáteis passaram a ser os mais usados nas escolas (61,2%), a maior parte dos quais (56,2%) com três ou menos anos", refere o CNE.
Ainda no tema da digitalização, o relatório aponta que o número de licenças resgatadas para manuais escolares digitais cresceu 17% em 2021, registando-se um aumento ainda maior, de 34%, no 2.º ciclo.
"Este valor é significativo, sobretudo se se considerar que o número de alunos matriculados registou uma diminuição no mesmo período", aponta o CNE.
Apesar dos avanços, o nível de proficiência dos docentes em competências digitais ainda é baixo, alerta o órgão consultivo do Ministério da Educação, que destaca os domínios do ensino e aprendizagem, avaliação e promoção da competência digital dos aprendentes.