Acções contra corrupção são necessárias para "aproximação" à Europa
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, realçou esta terça-feira que as remodelações no seu governo, ligadas a casos de corrupção, são necessárias para a "aproximação às instituições europeias", garantindo que continuará a "tomar as medidas adequadas".
"Quaisquer questões internas que atrapalhem o Estado estão a ser removidas e continuarão a ser removidas. É justo, é necessário para a nossa defesa e ajuda na nossa aproximação às instituições europeias", sublinhou o chefe de Estado ucraniano no seu discurso noturno diário dirigido à nação.
Zelensky lembrou que esta terça-feira decorreu "outro conjunto de decisões de pessoal", em referência às demissões de membros do seu governo envolvidos em casos polémicos.
"Continuaremos a tomar as medidas adequadas -- a população verá cada uma delas e, tenho certeza, irá apoiá-las", destacou.
O Presidente ucraniano adiantou ainda que assinou mais um decreto com uma decisão do Conselho Nacional de Segurança e Defesa (NSDC), mas referiu que os detalhes sobre esta medida surgirão "mais tarde".
Na segunda-feira, o NSDC proibiu viagens para fora do país "para férias ou qualquer outra finalidade não governamental" às autoridades ucranianas, anunciando também decisões sobre o pessoal.
O governo ucraniano anunciou esta terça-feira a demissão formal de seis membros e aceitou a renúncia de outros cinco governadores regionais, no que constitui a maior mudança na administração desde o início da invasão russa do país.
As demissões abrem a "semana de decisões" prometida por Zelensky como reação a várias acusações de corrupção contra representantes do governo.
O chefe de Estado ucraniano procura também mostrar que tais atividades não serão toleradas, num momento em que o país precisa de unidade interna e ajuda internacional para acabar com a guerra.
Os Estados Unidos elogiaram o "compromisso" de Zelensky "com a transparência e a responsabilidade", enquanto a Comissão Europeia destacou que o governante está a agir "seriamente" contra a corrupção no seu país.
Entre as saídas do governo estão a do vice-ministro da Defesa e vários altos funcionários do Estado ucraniano após notícias publicadas na imprensa da Ucrânia sobre alegadas compras de material logístico militar a "preços inflacionados", nomeadamente alimentos.
Os afastamentos desta terça-feira seguem-se à demissão do vice-ministro ucraniano das Infraestruturas, Vasyl Lozynsky, por suspeita de receber um suborno de 400 mil dólares para supostamente "facilitar" a compra de geradores a preços inflacionados, numa altura em que o país enfrenta cortes generalizados de energia na sequência dos ataques das forças russas contra as infra estruturas energéticas.
Por outro lado, segundo o jornal Ukrainska Pravda, o vice-Procurador-Geral, Oleksiy Symonenko, esteve recentemente de férias em Espanha, embora as viagens ao estrangeiro, exceto para fins profissionais, sejam proibidas aos ucranianos do sexo masculino, com idade para combater.
De acordo com a publicação, Oleksiy Simonenko viajou num automóvel que pertencia a um empresário ucraniano, fazendo-se acompanhar de um guarda-costas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).