Refletir para decidir
Não está em questão a sobrevivência da Universidade da Madeira
O ensino superior passa por momentos que exigem reflexão acrescida. A recente polémica acerca da proposta de diminuição do contingente para os estudantes oriundos das Regiões Autónomas, que resultou numa conjugação de opiniões favoráveis à manutenção da medida, por razões que compreendemos e que se relacionam com as conquistas do processo autonómico e de justa repartição de oportunidades, constitui um exemplo de congregação de vontades que deve ser seguido para outras questões que tanto nos preocupam.
Sabemos que a tão ansiada, quanto demorada resolução do problema do justo financiamento da Universidade da Madeira não está isenta de correlação com a questão anterior. Recordo que a UMa foi criada em 1988, tendo os primeiros alunos do primeiro curso universitário sido diplomados, em meados dos anos 90. Mesmo assim, no total da atividade de formação conferida pela UMa, nos seus diversos graus, foram diplomados até hoje cerca de 14 000 estudantes.
Embora positiva, a dimensão que a Universidade da Madeira foi adquirindo em tão poucos anos de existência, praticamente o tempo de uma geração, não pode nem deve fazer-nos descansar sobre os objetivos até agora atingidos. A correlação com o problema do contingente tem a ver com a dimensão da Universidade e com a escala que deve ter para responder aos desafios do meio envolvente e, mais ainda, com a necessária comparação com as outras universidades da rede de ensino superior. Se pudermos ganhar a dimensão que há tanto exigimos, com a consequente proporção de investimento, seremos maiores, mais capazes de diversificar a oferta formativa e as áreas estratégicas, bem como apostar, nesta matéria, em áreas diferenciadoras, como o turismo, o mar, a saúde e a transformação digital, áreas que concitarão o contributo das demais áreas que suportam a base formativa e de investigação da UMa. Aumentaremos, deste modo, a nossa atratividade, retendo e atraindo mais talento.
As Universidades fundadas, em consequência da reforma de Veiga Simão, em 1973, foram latamente financiadas depois dos primeiros governos constitucionais, tendo sido garantido o seu crescimento. Nem é necessário, nesta lógica, apelar para os exemplos do Minho e de Aveiro, para perceber que há modelos que nos devem fazer pensar e ajudar a concretizar a via que temos vindo a apontar para o futuro da UMa. Trata-se de uma via que carece, necessariamente, da conjugação dos esforços de todos os parceiros neste projeto de decisiva importância para a nossa terra.
Não está em questão a sobrevivência da Universidade da Madeira. O que está em questão é o seu modelo de desenvolvimento e o próprio desenvolvimento da Madeira.