Fezada
A comissão de inquérito terá tempo para abordar o financiamento dos partidos na Região?
Boa noite!
A fazer fé nas estatísticas - que alguns enfatizam ou desvalorizam conforme o estado de alma político, o que diz bem da perversidade na análise - nem tudo vai mal na Região. Pela primeira vez em 14 anos, o desemprego afecta menos de 10 mil pessoas, embora com salários pouco dignos, a par de carunchos não declarados. Há 11 anos que não se vendia tanto cimento na Madeira, o que confirma a pujança do sector da construção, sem mãos a medir nas obras públicas e privadas. E 2022 foi um ano recorde nos aeroportos da Região, pois, pela primeira vez, desembarcaram e embarcaram mais de 4 milhões de passageiros. Quase que aposto que alguma oposição obcecada dirá que os dados hoje oficializados estão empolados ou que não retratam a realidade insular. E que desta vez o governo embandeire o feito em arco, como é normal e legítimo sobretudo no caso dos movimentos de passageiros, pois em parceria com o Turismo de Portugal, investiu na captação de novas rotas, com destaque para a Ryanair. O problema é que, como se viu na semana passada em relação à taxa de risco da pobreza, as convicções nunca são aliadas da realidade, antes cúmplices das narrativas que mais jeito dão em cada momento.
A fazer fé nas notícias – que alguns, a custo, entendem ter ingredientes susceptíveis de motivar comissões de inquérito, e outros, sempre disponíveis para o palco mediático, se mostram convictos que nada será como dantes - 90 dias serão suficientes para que sejam apresentadas conclusões que decorrem de denúncias de Sérgio Marques susceptíveis de configurar a prática de diversos crimes na Região. É pouco para quem assume querer fazer trabalho sério, logo, sem deliberações previamente fabricadas. Mesmo assim, quase que aposto que na voragem por colher frutos eleitorais, há gente aparentemente insuspeita, sempre muito defensora da transparência e do rigor, que vai corar de vergonha.
A fazer fé nos eleitos – e alguns revelaram nos últimos dias não ter agenda própria, já que andaram única e exclusivamente à boleia das polémicas que, não sendo recentes, foram agora inflamadas – é desta que a Madeira vai saber que tipo de pressões desencadeiam os grupos empresariais sobre o Governo! Quase que aposto que a oposição, que age como não tivesse rabos de palha nas relações de dependência, não vai querer ouvir falar do financiamento dos partidos. Mas já agora, onde andaram os que em 2017 viram e leram páginas a explicar a razões que levaram Sérgio Marques a deixar o Governo?
A fezada agiganta-se. Resta saber se não morre na praia. É lá que moram promessas que nunca foram varadas.