Ventura insiste que Marcelo deve demitir Governo e convidar Costa a formar um novo
O presidente do Chega insistiu hoje que o Presidente da República deve demitir o Governo e convidar o António Costa a formar um novo porque o atual não tem condições para continuar em funções.
"Se o Presidente não quer eleições - e isso é compreensível, aparentemente, segundo as sondagens publicadas, os portugueses também não querem eleições - , então demita o Governo, convide António Costa a formar um novo Governo, um novo Governo em que todos tenham de ser submetidos às mesmas regras de ética, de questionário e de transparência", afirmou André Ventura em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.
O líder do Chega referiu os vários casos que alegadamente envolvem governantes e que têm sido conhecidos ao longo das últimas semanas.
"De João Cravinho a Medina e às buscas na Câmara de Lisboa, com Pedro Nuno Santos, a ministra da Agricultura, João Galamba, podíamos continuar por aí.. Um Governo envolvido em investigações, em casos e em absoluto descrédito nacional", criticou.
Apontando que este é um "Governo a cair aos bocados porque o Presidente da República não quer cumprir a missão que lhe foi confiada", André Ventura defendeu que Marcelo Rebelo de Sousa "é o garante da estabilidade, mas é também o garante da transparência, e é isso que neste momento deve estar em cima da mesa".
"Se o país não quer eleições, se o Presidente entende, e esse é um juízo sempre seu, que não é necessário haver eleições, então demita o Governo e convide António Costa ou o líder indicado pelo PS, para formar um novo governo", insistiu, afirmando que "cada dia que passa as coisas ficam piores e é impressionante que o Presidente da República não ouça este apelo".
O líder do Chega defendeu que "cada dia que passa o Governo fica mais caído no ridículo e no descrédito" e criticou o primeiro-ministro por não aplicar aos atuais membros o questionário para quem seja indicado para ministro ou secretário de Estado.
"Percebe-se porquê, porque provavelmente quase nenhum deles passaria no modelo de questionário que o Governo quer fazer", apontou Ventura.
Na conferência de imprensa, o líder do Chega voltou a referir-se também à indemnização paga pela TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro e defende que "a ideia de que Alexandra Reis não tem que devolver" o dinheiro "porque não pode ser prejudicada por um erro da TAP é absurda".
"Esta indemnização é ilegal", salientou, apelando a Alexandra Reis que "faça o que é certo e, se não o fizer, que o Ministério Público em nome do Estado interceda e interponha a respetiva ação legal para restituição de valor, que é isso que deve ser feito".
André Ventura foi questionado também sobre a conferência promovida pelo PS obre combate aos extremismos de direita, que decorre hoje em Lisboa, e que conta com a participação do antigo primeiro-ministro de Espanha José Luís Zapatero, e do presidente do parlamento, Augusto Santos Silva.
"Só tenho pena que não seja também os extremismos de esquerda, seja só os de direita, mas nada contra", afirmou o líder do Chega, considerando que "é curioso que convidem um primeiro-ministro espanhol que foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento e pela explosão de um outro extremismo, que foi o extremismo catalão, que tanto tem prejudicado a vida dos espanhóis".
Já numa reação às críticas do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP) que acusou o partido de "oportunismo e aproveitamento vergonhoso", o líder do Chega recusou esta acusação e defendeu que "são os partidos que são os transportadores da mudança, no parlamento".
Ventura disse não ter estado "oficialmente em nenhuma" manifestação dos professores, mas indicou que o deputado Gabriel Mithá Ribeiro marcou presença na semana passada, "a título pessoal e não institucional, por ser professor".
No entanto, referiu que "há vários professores que são do Chega e têm estado, até vários têm estado na manifestação com insígnias e símbolos" do partido, mas disse que tem apelado a que "isso não ocorra de forma ostensiva".