Rússia promete a Cruz Vermelha acesso a presos de guerra ucranianos
O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) russo, Serguei Lavrov, declarou hoje que a Rússia fará tudo o que for possível para garantir o acesso do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) aos prisioneiros de guerra ucranianos.
"Apoiamos ativamente os vossos esforços para garantir o acesso aos militares feitos prisioneiros. Faremos tudo que de nós dependa para assegurar o acesso aos soldados ucranianos", afirmou Lavrov em Moscovo, no início de uma reunião com a presidente do CICV, Mirjana Spoliaric.
Por seu lado, a presidente do CICV salientou a importância de os canais de comunicação entre a sua organização e Moscovo continuarem "abertos e construtivos".
"Queria assegurar-lhe que cumprirei o princípio da neutralidade e independência e respeitarei a confidencialidade sempre que ela seja necessária", afirmou.
Spoljaric saudou a intenção de Moscovo de "cumprir o direito humanitário internacional" e indicou que trabalhará para conseguir que "todos os Estados respeitem a Convenção de Genebra" que estipula o tratamento a dar aos prisioneiros de guerra.
A visita da presidente da Cruz Vermelha Internacional é a primeira que realiza à Rússia desde que foi nomeada, em outubro passado, e decorre um mês depois da sua viagem à Ucrânia, onde incluiu na sua agenda reuniões com familiares de prisioneiros de guerra.
Num comunicado divulgado pelo CICV antes da sua visita à Rússia, a organização com sede em Genebra sublinhou que o objetivo prioritário de Spoljaric em Moscovo seria obter maior acesso aos prisioneiros de guerra feitos na Ucrânia, invadida pela Rússia a 24 de fevereiro do ano passado e onde está desde então em curso uma guerra.
"Estamos convencidos de que a linha de equilíbrio e responsabilidade que o CICV tenta levar a cabo em todo o mundo é importante também no contexto dos acontecimentos na Ucrânia e em torno deles", disse o MNE russo.
Lavrov frisou que, para a Rússia, é essencial que a Cruz Vermelha Internacional "aja imparcialmente no caso ucraniano, no âmbito do seu mandato humanitário único".
"Sempre respeitámos sinceramente o vosso mandato, apreciámos a natureza imparcial e despolitizada do vosso trabalho e nunca abusámos da nossa relação com o CICV para obter determinados objetivos políticos", sustentou.
O chefe da diplomacia russa declarou confiar que "todos os demais parceiros do CICV, especialmente os seus principais doadores, cumpram estritamente a mesma linha" de comportamento.
Lavrov chamou a atenção de Spoljaric para "as flagrantes violações do direito humanitário internacional por parte do regime ucraniano, violações que estão documentadas e podem ser vistas inclusive nas redes sociais e noutras fontes de informação".
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, muitas vezes, os militares ucranianos publicam nas redes sociais vídeos dos maus-tratos a que submetem os militares russos, "incluindo o tristemente célebre vídeo do assassínio de prisioneiros desarmados".
Durante o dia, a presidente do CICV reuniu-se também com o vice-ministro da Defesa russo, Aleksandr Fomin, e "discutiram temas atuais da cooperação entre o Ministério da Defesa da Rússia e o CICV na Ucrânia, incluindo o cumprimento do direito internacional humanitário, o tratamento dado aos prisioneiros de guerra e a procura de pessoas desaparecidas", segundo o ministério russo, citado pela agência Interfax.