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Combate à pobreza precisa de melhores serviços e de mais proximidade

Foto Leonel de Castro/Global Imagens
Foto Leonel de Castro/Global Imagens

A coordenadora da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza defendeu o reforço do apoio social às pessoas mais vulneráveis, capacitando os serviços públicos e melhorando a qualidade do serviço prestado, mas também com acompanhamento de maior proximidade.

Em entrevista à agência Lusa, cerca de dois meses depois de ter iniciado funções como coordenadora da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza (ENCP) 2021-2030, Sandra Araújo aponta algumas das áreas de intervenção que considera prioritárias, desde logo "a necessidade de reforçar o apoio e intervenção social a famílias em situação de vulnerabilidade".

"Passa desde logo por tornar a informação acessível a uma dimensão muito importante, (...) orientando as próprias pessoas que estão em situação de necessidade e que recorrem aos serviços para obtenção de respostas", afirmou, admitindo que tem também de ser tido em consideração a falta de literacia e a "dificuldade" que os serviços de atendimento têm "muitas vezes" em prestar "uma informação importante, atual e relevante".

Na opinião de Sandra Araújo, importa melhorar a qualidade do atendimento dos serviços públicos, "orientando as pessoas que estão em situação de necessidade e que recorrem aos serviços para obtenção de respostas".

"Estou convencida que essa dimensão de melhoria do atendimento social e a melhoria do atendimento dos serviços públicos pode ser um eixo muito, muito importante que deverá naturalmente ser reforçado", apontou.

Defendeu, para isso, a capacitação de "todos os operadores" para que exista de facto "um sistema e um fluxo de informação que possa ser prestado a quem precisa e que recorre aos serviços, dando orientações muito concretas para responder às suas necessidades".

Noutra área, a responsável entende que seria igualmente importante investir num acompanhamento de proximidade, naquilo que chama de "dimensão de restituir dignidade", apontando que existe "um certo sentimento", por parte de alguns cidadãos, "de que não são tratados com a devida dignidade, como sujeitos de direitos".

"Isto é transversal e atravessa todas as políticas públicas, mas também o próprio setor social e solidário e, portanto, nós temos que investir, qualificar e capacitar essa área e os serviços de proximidade", disse Sandra Araújo.

Referiu como outro desafio o aumento da esperança média de vida e o consequente envelhecimento da população, uma realidade conhecida, "mas que de repente se tornou bastante mais preponderante", sublinhando que é preciso "olhar com muita seriedade para o envelhecimento demográfico do país", para a velocidade a que está a acontecer e para o desequilíbrios e desafios que isso coloca do ponto de vista das respostas sociais.

Acredita também ser "muitíssimo importante" olhar para as atuais assimetrias territoriais, cada vez mais evidenciadas, com grandes concentrações populacionais nas áreas metropolitanas, enquanto "o resto do país está deserto".

Nesse sentido, defende a "necessidade de olhar para o território e aumentar a coesão territorial", promovendo o desenvolvimento local e criando medidas de fixação das populações nas áreas de menor densidade, criando "uma maior convergência".