Já nem Deus nos acode

Este triste e infeliz País, nasceu – segundo reza a história ou as mais línguas – com o filho a bater na mãe.

O que levando como verdadeira esta afirmação, Deus devia tê-lo excomungado, de modo que, por mais sucesso que possa alcançar, a sua sina é ficar sempre desgraçado.

Ser pequenino, praticamente inútil, inferior a quase todos quantos o rodeia, mormente na velha Europa e, em muitos casos, no mundo e países nascidos depois dele.

Apesar do nosso País, ter já experimentado diversos modos de governação, todos eles acabaram num fiasco. Com REIS, com DITADORES ou com DEMOCRATAS OU SOCIALISTAS, o lema parece ser sempre o mesmo.

Os que governam e seus comparsas estão bem, o resto do povo está mal ou vive assim, assim.

Tem tido a habilidade de arranjar sempre quem o ajude ou, quase diríamos, quem o sustente, mas as más cabeças que, na sua maioria, escolhe para o governar deitam tudo a perder.

Antro de corrupção, de vigarice e oportunismo, centro da incompetência e da sem-vergonhice político/partidária, Portugal vai atravessando os séculos como mendigo disfarçado de rico, a que nem a todos engana e por quase todos é criticado ou, no mínimo, observado.

E é pena. Porque sendo um País sem um subsolo rico, tem contudo uma beleza natural invejável, uma extensão de mar das maiores da Europa, (porventura, muito desaproveitada) e um clima ameno, onde o SOL brilha em quase todos os meses do ano.

Se a tudo isto se juntasse a mão-de-obra de um povo que até gosta de trabalhar (porque o faz e triunfa lá fora) seria suficiente para vivermos com dignidade e nos equipararmos a muitos dos países das nossas dimensões. Só que, estes países têm pessoas a governar muito mais organizadas, mais equilibradas, mais competentes e, por conseguinte, são mais prósperos.

Para já a mentalidade é outra e o modo como se encara quem governa faz toda a diferença.

Aqui, escolhe-se os governantes para serem os” donos do país”, lá fora, vão às eleições escolher quem administre os bens de um povo e, consequentemente, os interesses do País.

Escolhem políticos-gestores e não políticos-patrões e também não cultivam a ideia de que para ser um “BOM POLÍTICO “ tenha de ser um aldrabão, mentiroso, inconstante e vigarista.

- O País está de novo mergulhado num mar de confusões, com um GOVERNO a dar constantes provas de desnorte e incompetência e uma OPOSIÇÃO sem credibilidade para o substituir.

Tudo isto, quase meio século depois de fazermos uma revolução de onde saíram promessas da criação de um País diferente, de um País para todos, mais justo, mais são e mais próspero.

Onde param os intelectuais anti-fascistas desse tempo? Acomodados nas suas requintadas poltronas, gozando das suas principescas reformas?

Não os vimos, nem os ouvimos.

Talvez porque era mesmo este tipo de democracia e socialismo que lhes convinha que Salazar e Marcelo Caetano implantassem no País, daí as suas contestações de outrora… e o seu silencio, aceitação, conformismo de agora.

Rezemos para os que nos apoiam não o deixem de o fazer, porque, presumivelmente, já nem Deus – com toda a sua Misericórdia e paciência de Santo – continue com disponibilidade para nos aturar e nos deitar a mão.

Juvenal Pereira