O agente de viagens que foi, mas que agora diz que já não o é

Numa audição realizada a 10 de janeiro, em sede de comissão parlamentar da Assembleia da República, Paulo Cafôfo, questionado acerca dos atrasos na concretização da ligação aérea direta entre o Funchal e Caracas, a concretizar pela EuroAtlantic, foi rápido em lembrar que o Ministério dos Negócios Estrangeiros não é uma agência de viagens.

O secretário de Estado garantiu então, perante os deputados da comissão, que tudo foi feito para tentar assegurar a ligação, mas que tal não foi possível, cabendo a responsabilidade à companhia e a outros. Ou seja, a culpa não era sua….

O engraçado é que aquele que diz não ser agente de viagens não se importou nada por desempenhar esse papel quando foi anunciada a ligação direta. Nessa altura, Paulo Cafôfo assumiu-se como o grande impulsionador, o ideólogo, o perpetrador da viagem. Ou seja, nessa altura era agente de viagens, com orgulho!

E mesmo após o primeiro adiamento, quando tudo já apontava para um fracasso, Paulo Cafôfo ainda empunhava essa ligação como uma conquista do seu trabalho como secretário de Estado. Algo que tinha conseguido, presume-se, no meio de uma das suas milhentas viagens às comunidades, para resolver coisas, conforme apregoou.

Aos poucos e poucos, tal e qual as suas viagens pelas comunidades e o “sucesso” desse périplo, o “balão” foi-se esvaziando e a voz de Paulo Cafôfo foi-se tornando cada vez mais baixinha. Até que se apagou de vez e nunca mais se o ouviu falar do tal sucesso que seria a ligação direta entre Funchal e Caracas. E agora até já dispara não ser “agente de viagens”. Daqui a uns dias até diz que nada teve a ver com esse assunto e, mais, até não sabe de onde essa notícia saiu….

O mal não é que se tenha tentado essa ligação – aliás, deveria ser a TAP a assumi-la. O mal é que o antigo presidente da Câmara do Funchal e dos socialistas madeirenses (aos quais abandonou, num outro voo, este sim bem conseguido, para outras paragens) continue a se prestar à triste figura de anunciar publicamente aquilo que, depois, não concretiza.

Foi o célebre “murro na mesa” que iria dar em reunião com António Costa e que permitiria trazer uma série de benefícios para a Madeira, foram promessas atrás de promessas nunca concretizadas no Funchal, foram anúncios de resolução de casos nos consulados que continuam por resolver.

Enfim, tem sido Cafôfo igual a Cafôfo. Um sorriso (embora cada vez menos resplandecente) e pouco mais…. A não ser propaganda, muita propaganda, se bem que agora o seu chefe de campanha já não esteja a poucos metros do seu gabinete. Está mais longe, a passear pela Figueira da Foz, embora não seja também ali desejado. Como não o é por cá….

Ângelo Silva