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PSD/CDS e o regime das “obras inventadas”

As recentes denúncias de dirigentes do PSD-M, homens que conhecem e fazem parte do sistema, sobre a atuação dos governos laranja, só vêm confirmar o que o PS-M tem vindo a combater desde sempre. As confissões são claras: “Fizeram tudo… o necessário e o desnecessário, o que nunca vai ser preciso, o que nunca ficou pronto nem vai ficar. Ninguém fazia contas, toda a gente autorizava tudo. E pronto, a Madeira foi à bancarrota.” E continuam: “A dada altura começaram a inventar-se obras… obras sem necessidade, aquela lógica das sociedades de desenvolvimento, todo aquele investimento louco…”. E sobre um empresário da nossa praça, Sérgio Marques afirmou: “… ele sempre se habituou a ter um secretário que o servisse.”

Autênticos casos de polícia. Estamos perante a afirmação do regime absoluto do “quero, posso e mando” do “quer queiram, quer não queiram”, do esbanjamento, do desperdício e das “obras inventadas”, agora também em conluio com o CDS. Não estamos a falar do passado, este regime é atual e está em plena ação.

O presidente do governo humilha quem pensa diferente. Fica incomodado e reage com ofensas sempre que o PS e outras instituições intervêm na vida pública, quando manifestam a sua opinião, utilizam os instrumentos que a democracia colocou ao dispor dos cidadãos e dos partidos políticos, participam em consultas públicas, manifestam as suas discordâncias, apresentam propostas alternativas e fiscalizam a atividade do governo. Os governantes regionais não querem ser escrutinados e muito menos permitir que alguém exija rigor, fundamentos e estudos científicos credíveis sobre os impactos ambientais e a relação custo/benefício das obras megalómanas que anunciam.

Mas já existem outros casos de polícia. Lembram-se da venda da quinta do Arco, propriedade do presidente do governo, alegadamente ao Grupo Pestana e do ajuste direto à Sociedade de Desenvolvimento da Madeira ao mesmo Grupo? O processo está na justiça, com buscas a casas, instalações do Governo Regional e à Sociedade de Desenvolvimento.

E o caso que envolve a atual deputada da República, eleita nas listas do PSD Madeira, Patrícia Dantas, constituída arguida, num processo por suspeitas de fraude na obtenção de fundos comunitários? E as dívidas à Segurança Social, no valor de 52 milhões de euros que prescreveram, sem que ninguém se demitisse? E o secretário regional da Economia, Rui Barreto, líder do CDS, alvo de um inquérito da PGR, porque recebeu na sua conta pessoal dinheiro do financiador do Chega, César do Paço?

Na Madeira, ao nível da governação, vive-se um regime de inimputáveis. Aqui, na nossa terra, ninguém assume responsabilidades, aqui, aconteça o que acontecer, sempre que alguma situação corra mal ou quando atuais dirigentes do próprio PSD denunciam alegados favorecimentos, “obras inventadas”, entre outras acusações, os nossos governantes regionais num dia assobiam para o lado, no outro negam as evidências e no fim acusam os outros. E tudo vai passando “entre os pingos da chuva”.