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EUA detêm russo por cibercriminalidade organizada em operação com apoio da PJ

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Os Estados Unidos detiveram um cidadão russo fundador de uma plataforma comercial de troca de criptoativos, numa operação internacional relacionada com criminalidade organizada, cibercrime e branqueamento de capitais que contou com a participação da Polícia Judiciária (PJ) portuguesa.

Anatoly Legkodymov, que vive na China, foi detido na noite de terça-feira em Miami e será presente a tribunal acusado de conduzir um negócio não licenciado de troca de dinheiro, adiantou hoje o Departamento de Justiça norte-americano.

Segundo um comunicado da PJ, a operação internacional "CRYPTOSTORM" culminou com detenções de vários suspeitos na Europa e nos Estados Unidos da América, relacionada com criminalidade organizada, cibercrime e branqueamento de capitais.

As investigações internacionais em que participou a Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica da PJ "demonstraram que os suspeitos, de nacionalidade russa e ucraniana, tinham criado e desenvolvido uma plataforma comercial de troca de criptoativos, denominada BITZLATO.

O objetivo era o de converter ativos criptográficos como bitcoins, athereum, litecoins, bitcoin cash, dash, dogecoins e USDT, em rublos, suspeitando-se que tenha sido utilizada para branqueamento de capitais, provenientes de atividades ilícitas, tais como ciberataques, fraudes, vendas fraudulentas em mercados darknet, ransomware e outros tipos de crime".

A operação "CRYPTOSTORM", coordenada a nível internacional pelas autoridades francesas, foi o culminar de alguns meses de cooperação internacional, permitindo a identificação e localização de vários suspeitos, um dos quais a residir em Portugal, avançou ainda PJ.

Os procuradores norte-americanos alegam que a 'exchange' de criptomoedas de Legkodymov, a BITZLATO, da qual era proprietário maioritário, não implementou as salvaguardas necessárias contra a lavagem de dinheiro e exigia apenas uma identificação mínima dos seus utilizadores.

"O resultado foi que a Bitzlato se tornou um refúgio seguro para criminosos, como traficantes de drogas e grupos de 'ransomware'", sublinhou Breon Peace, procurador dos EUA no Brooklyn, onde o caso foi aberto.

A empresa, registada em Hong Kong, foi fundada em 2016 e opera globalmente.

"Eles sabiam que quando a polícia rastreasse os seus fundos, a Bitzlato não seria capaz de entregar as verdadeiras identidades dos seus utilizadores", acrescentou Breon Peace.

O Departamento de Justiça norte-americano referiu que a BITZLATO, diretamente ou através dos seus intermediários, realizou mais de 700 milhões de dólares (cerca de 648 milhões de euros) em trocas de criptomoedas com utilizadores do Hydra Market, um mercado da 'darknet' para drogas, identificações falsas e outros produtos ilegais, encerrado pela justiça norte-americana no ano passado.

Em conferência de imprensa, o vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo, sublinhou que "a Rússia criou um ecossistema permissivo para cibercriminosos", quando questionado se a BITZLATO tinha ajudado Moscovo a escapar às sanções devido à invasão da Ucrânia.