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Charles Michel insiste em política estatal europeia para competir com proteccionismo da China e EUA

Foto EPA/JULIEN WARNAND
Foto EPA/JULIEN WARNAND

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, insistiu hoje na necessidade de os Estados-membros decidirem sobre uma política europeia estatal para fazer face às políticas que Washington e Pequim colocaram em prática para mitigar os efeitos da inflação.

"A União Europeia [UE] e os Estados Unidos da América [EUA] são aliados próximos. No entanto, por vezes os aliados têm divergências e esse é agora o caso com a lei para a redução da inflação. 370 mil milhões de dólares", sustentou Charles Michel na abertura da sessão no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).

As intenções de Washington "são louváveis, mas criam grandes problemas às regras de concorrência internacional e comerciais".

Na opinião de Charles Michel, as empresas europeias "deveriam beneficiar das mesmas condições que as canadianas e mexicanas", mas esse cenário não está em cima da mesa, por isso, o bloco comunitário tem de olhar para dentro.

"Os nossos aliados norte-americanos estão a implementar uma grande política de apoio estatal, a China continua a impor dinheiro estatal. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto os nossos adversários têm um apoio massivo às suas indústrias. Precisamos de uma política europeia estatal para aumentar a produtividade, a competitividade e gerar investimento", acrescentou o presidente do Conselho Europeu.

O momento "é crucial" para "apoiar economicamente o futuro do mercado interno" e mostrar que a União Europeia "está à altura dos desafios". Contudo, "é importante assegurar que não padrões duplos".

"Nem todos os países têm a mesma capacidade financeira" e o bloco comunitário tem de desenvolver-se no sentido de criar "mais convergência a nível europeu".

Para isso, Charles Michel apontou várias possibilidades, que já estão em discussão entre os Estados-membros, nomeadamente a realocação de recursos, enquanto ainda está distante a possibilidade de criar um fundo de soberania europeu.

O ano ainda agora começou e a UE "já enfrenta incertezas", mas o momento também pode ser o de "olhar para autonomia estratégica europeia".

À semelhança do que Metsola e von der Leyen têm feito, Charles Michel quis também realçar duas posições consensuais: os países da união vão continuar a apoiar financeiramente, militarmente e humanitariamente a Ucrânia e estão do lado das "mulheres e dos jovens" iranianos que estão a lutar contra "um regime brutal", que também está a apoiar Moscovo na agressão contra a Ucrânia.