Fact Check Madeira

A Madeira é auto-suficiente em reservas de sangue?

A Região não tem falta de sangue e ainda disponibiliza ao continente

Na semana passada, o baixo nível das reservas de sangue fez soar os alarmes no continente, levando diferentes entidades a apelar à dádiva para contrariar a falta. Na Madeira, a situação é um pouco diferente e não há falta de sangue.
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A Madeira é auto-suficiente no que às reservas de sangue diz respeito. Depois dos 'stocks' terem baixado durante a pandemia da covid-19, a situação tende a normalizar-se com a retoma dos serviços. 

Ontem, à rádio TSF-Madeira, o presidente da Associação de Dadores de Sangue da Região Autónoma da Madeira (ADSRAM) garantia que a Região não tem falta de sangue, contrariamente ao que se passa em território continental. "Felizmente, a Madeira tem sido sempre auto-suficiente, aliás até temos ajudado o continente", notou José Marques Gouveia. 

Aquele responsável alerta, ainda assim, para a necessidade de apelos constante à dádiva, para que esta situação se mantenha. "Isso não invalida que não estejamos sempre em apelo contínuo para que as pessoas venham doar sangue, porque só assim conseguimos ter sangue suficiente para satisfazermos as nossas necessidades", reforçou. 

A situação de carência registada do continente, é, no entender de José Marques Gouveia, consequência da redução das dádivas devido à época festiva ou pelo aumento dos casos de gripe, mas também pelas necessidades serem crescentes, devido ao aumento de doentes a necessitar de sangue. 

Aquele responsável realça que, na Madeira, os dadores continuam bastante solidários, inclusive nas camadas mais jovens da população. Para o efeito muito têm contribuído as várias acções e apelos que a Associação e as entidades públicas têm lançado, nomeadamente junto da comunidade escolar. 

No ano passado, a Região disponibilizou, pela primeira vez, sangue ao Serviço Nacional de Saúde, fruto das perto de 6.000 dádivas feitas, em média, por ano, por cerca de 3.000 dadores. No País, segundo o Instituto Português do Sangue e da Transplantação, I.P. (IPST), em 2021, existiam 204.088 dadores e foram feitas 310.727 dádivas,  

Um dos factores que, na Região, serve de incentivo à dádiva é o facto de os dadores regionais terem direito a dois dias de dispensa do trabalho, uma medida única no país, consagrada num Decreto Legislativo Regional desde o ano 2000 (Decreto Legislativo Regional n.º 20/2000/M, de 9 de Agosto, alterado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 16/2015/M, de 29 de Dezembro). Até então, apenas era dada dispensa pelo período necessário para o efeito (Decreto Legislativo Regional n.º 11/90/M, de 22 de Maio), tal como acontece actualmente a nível nacional. 

Frequentemente, a Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue tem vindo a público reivindicar a reposição de um dia de descanso para os dadores de sangue, situação que se verificou até 2011, mas que foi abolida pelo Governo da República. No entender da Federação, esta benesse deverá ajudar a contrariar a redução do número de dadores que tem acontecido nos últimos anos e, ao mesmo tempo, evitar as frequentes quebras de reservas de sangue a nível nacional.