Querem reduzir o número de alunos das ilhas nas universidades!
Os meus avós mandaram dois de quatro filhos para a universidade, em Lisboa, antes do 25 de abril de 74. Não eram abastados, pelo que, naquele tempo, esta raridade (dar estudos superiores aos filhos) implicou com toda a certeza grandes sacrifícios.
Felizmente, esta possibilidade rara foi-se esbatendo com os anos. E no final da década de 90, também com sacrifício, os meus pais deram a mim e ao meu irmão a possibilidade do ensino superior.
E nessa altura era já muito comum os jovens madeirenses seguirem para as universidades de todo o país.
Hoje em dia, praticamente todos os jovens madeirenses concluem o 12.º ano. E desses, mais de 80% ingressam na universidade.
E ainda bem. Porque, tal como acontece com os jovens dos anos 90, também os jovens que hoje entram no superior vão dar com toda a certeza contributos muito importantes à nossa sociedade que, de outra forma, isto é, sem os anos de estudos, não seriam possíveis.
Como também não seriam possíveis as oportunidades que a formação lhes assegurou.
Dito isto, importa dizer que o número crescente de madeirenses nas universidades não se deve apenas ao sacrifício dos pais, na expectativa de darem aos filhos as oportunidades que muitas vezes os próprios não tiveram.
Deve-se também ao facto de uma parte das vagas no acesso ao ensino superior estar reservada (o chamado contingente) aos candidatos da Madeira e dos Açores.
É curioso que a meta anunciada pela responsável pelo ensino superior em Portugal, a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Partido Socialista - que quer também governar na madeira - seja fechar a porta das universidades a uma parte dos jovens madeirenses e açorianos ao anunciar a intenção de reduzir o número de vagas para os jovens insulares.
O que motiva este retrocesso? E qual o objetivo?
Alexandra de Queiroz