Ex-eurodeputado Panzeri vai permanecer detido por suspeita de corrupção
O ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, no centro do escândalo "Qatargate", vai continuar detido enquanto prossegue a investigação sobre suspeitas de corrupção no Parlamento Europeu, anunciou hoje a procuradoria federal belga.
O antigo deputado socialista que se tornou, em 2019, dirigente de uma organização não-governamental (ONG) com sede em Bruxelas, contestou inicialmente a sua manutenção sob custódia -- decidida em meados de dezembro -- e devia comparecer hoje de manhã perante um tribunal de recurso.
Mas "por razões pessoais, decidiu hoje abandonar o seu recurso. "Portanto, não compareceu", indicou a procuradoria federal.
Pier Antonio Panzeri, de 67 anos, foi detido em Bruxelas a 09 de dezembro, o mesmo dia da detenção de uma vice-presidente do Parlamento Europeu, a eurodeputada socialista grega Eva Kaili, e de um assessor parlamentar italiano, Francesco Giorgi, companheiro de Eva Kaili.
Juntamente com Niccolò Figa-Talamanca, um italiano responsável pela ONG que também está em prisão preventiva, todos foram indiciados por "pertença a uma organização criminosa", "branqueamento de dinheiro" e "corrupção".
São acusados de terem recebido grandes somas de dinheiro vivo do Qatar para influenciar a favor do emirado declarações e tomadas de decisões políticas na única instituição eleita da União Europeia (UE), em particular a propósito dos direitos dos trabalhadores.
No âmbito desta investigação, entregue no verão de 2022 ao juiz de instrução bruxelense Michel Claise, Panzeri era desde há pelo menos um ano vigiado pelos serviços secretos belgas.
Segundo a imprensa, ele também recebeu dinheiro de Marrocos para defender os interesses daquele país norte-africano no Parlamento Europeu.
Tanto o Qatar como Marrocos veementemente negaram tais alegações.
Este escândalo está a abalar o Parlamento Europeu, que lançou um projeto de reformas visando nomeadamente restringir o acesso aos ex-eurodeputados e fazer inscrever no registo de transparência todos os visitantes exteriores.
Eva Kaili, demitida do seu cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu, retirada do grupo dos Socialistas & Democratas e agora eurodeputada não-inscrita, não beneficiou da respetiva imunidade parlamentar em dezembro, porque os investigadores belgas a apanharam em flagrante delito.
A operação da polícia belga resultou na apreensão de malas de dinheiro com um total de 1,5 milhões de euros.
Desde então, a justiça belga pediu a retirada da imunidade parlamentar de mais dois eurodeputados socialistas que pretende ouvir no âmbito do inquérito.
Trata-se de um belga, Marc Tarabella, cuja residência foi alvo de buscas a 10 de dezembro, e de um italiano, Andrea Cozzolino. O procedimento foi-lhes oficialmente comunicado na segunda-feira, esperando-se obter um resultado em fevereiro.