Médico italiano que tratou chefe da Costa Nostra investigado por cumplicidade
As autoridades italianas estão a investigar o médico que tratou o mafioso Matteo Messina Denaro, capturado na segunda-feira numa clínica de Palermo, onde recebia tratamento contra um cancro.
Segundo a agência de notícia italiana Ansa, o chefe da Cosa Nostra, máfia da Sicília, fugido à Justiça desde os anos 1990, usava a identidade de Andrea Bonafede, o nome real de um paciente do médico Alfonso Tumbarello.
O médico de 70 anos que chegou a manter um consultório em Campobello di Mazaro, perto de Messina, cidade natal de Denaro, reformou-se no passado mês de dezembro mas continuava a exercer a profissão na clínica privada.
Tumbarello é suspeito de ter trocado as identidades dos dois pacientes para proteger o chefe da cúpula da máfia da Sicília que precisava de receber tratamento médico.
Denaro foi preso na segunda-feira na clínica onde estava a ser tratado, sob identidade falsa.
As autoridades policiais realizaram, logo após a captura do chefe mafioso, buscas em casa no antigo consultório de Tumbarello.
Messina Denaro, conhecido pela alcunha "Diabolik", nome de um vilão das histórias de banda desenhada, era o homem mais procurado de Itália.
A captura do chefe mafioso, condenado ('in absentia') a várias sentenças perpétuas pelos atentados da Cosa Nostra em 1993 e vários homicídios, ocorre após a intensificação das investigações levadas a cabo pelos procuradores de Palermo, Maurizio de Lucia e pelo procurador-adjunto Paolo Guido, refere a imprensa italiana.
Messina Denaro, 60 anos, deve cumprir as várias condenações pelos atentados de 1993 em Florença, Roma e Milão em que morreram, no total, 10 pessoas.
Denaro é também apontado pela justiça italiana como o "cérebro" do atentado à bomba que provocou a morte dos magistrados antimáfia em 1992 Paolo Borsellino e Giovani Falcone e a mulher, Francesca Morvillo, e ainda dos oito agentes que compunham a escolta.
A última sentença refere o papel de Messina Denaro na "estratégia dos atentados da Cosa Nostra" para pressionar o Estado, nos anos 1990 e provou a participação direta do mafioso nos atentados de 1992, reivindicados por Totò Riina, e nos ataques de 1993 ordenados por Bernado Provenzano, um outro chefe da máfia siciliana.
Após os atentados de 1993, Messina Denaro desapareceu e, após a prisão de Riina e Provenzano, considerou-se que passou a comandar a Cosa Nostra a partir de um paradeiro desconhecido.