Madeira

Prestação de contas é uma das principais dificuldades das IPSS

Docente Pedro Castello Branco defende que as Instituições de Solidariedade Social devem "passar a ser geridas como qualquer organização" já que não têm "menos obrigações ou menos exigências em termos de gestão"

I edição do projecto na Região conta com 34 formandos 
I edição do projecto na Região conta com 34 formandos 

Teve hoje início o Programa Compacto de Gestão e Organização para dirigentes de IPSS da Região Autónoma da Madeira

O cumprimento das obrigações financeiras legais é um dos principais problemas das IPSS - Instituições Particulares de Solidariedade Social. Quem o diz é Pedro Castello Branco, coordenador pedagógico da formação da Entrajuda, que esta terça-feira, 17 de Janeiro, iniciou o Programa Compacto de Gestão e Organização para dirigentes de IPSS da Região Autónoma da Madeira.

Pedro Castello Branco entende que os dirigentes das IPSS de todo o País "não têm tido muita desenvoltura para a prestação de contas".

É preciso melhorar [a habilitação dos técnicos das IPSS], temos que ter a noção que as instituições têm todas recursos limitados, ou seja, como foco é o apoio social, muitas vezes têm, e bem, muitos técnicos na área social, mas com a evolução dos tempos e das obrigações é preciso especialistas em quase todas as áreas. As IPSS devem passam a ser geridas como toda e qualquer organização, por serem do sector social não quer dizer que tenham menos obrigações ou menos exigências em termos de gestão. Pedro Castello Branco, coordenador pedagógico do programa 

O também docente e formador defende que as Instituições de Solidariedade Social devem "passar a ser geridas como qualquer organização" já que não têm "menos obrigações ou menos exigências em termos de gestão" por actuarem na área social.

Dotar as IPSS da Região de "mais conhecimentos e maior desenvoltura na gestão interna das organizações" é precisamente o principal objectivo da formação promovida pela Entrajuda - Apoio a Instituições de Solidariedade Social, em parceira com a Secretaria Regional de Inclusão Social e Cidadania, que decorre no Colégio dos Jesuítas. 

A governante com a pasta da Inclusão Social, Rita Andrade, esteve hoje presente no arranque da acção de formação que conta com 34 formandos que ocupam cargos de dirigentes ou coordenadores das IPSS com actuação na Região. Questionada sobre as principais dificuldades das IPSS, a governante confirmou que a prestação de contas é uma delas, acrescentando "as questões da comunicação e de toda a componente digital", além do "tema comum", a falta de recursos humanos.

Na ocasião, a secretária destacou a pertinência do projecto orientado para o sector social "que tem tido uma crescente procura e um crescente nível de exigência" e louvou a "adesão enorme" ao projecto vocacionado para a economia social, referindo que 50% das IPSS da Região participam na primeira fase da formação, existindo já uma "lista de espera" para acções de formação futuras. 

A par de "alavancar uma transformação e uma inovação", a governante sublinha o objectivo de, no futuro, "avaliar o impacto da formação e tentar perceber realmente o que é que [as IPSS] mudaram em termos da sua actuação, da sua sustentabilidade e inovação", apontando que a acção vai permitir às organizações criar parceiras e novos tipos de financiamento.

No final da primeira fase de formação, que termina a 28 de Fevereiro, o Governo Regional vai, "caso os formandos, de facto, não faltem e tenham uma avaliação satisfatória, comparticipar em 50% o valor da inscrição", que custa 150 euros, revelou Rita Andrade. 

Estamos muito optimistas e confiantes que vai ser uma acção de formação diferenciadora e que vai ter muito impacto. Rita Andrade, secretária regional de Inclusão Social e Cidadania

O projecto Gestão e Organização para dirigentes de IPSS da Madeira conta com cinco módulos: Planeamento e Gestão; Prestação de Contas; Marketing Social; Gestão de Pessoas e Avaliação de Desempenho; Liderança. 

Os módulos visam, segundo o formador Pedro Castello Branco, "ajudar os membros das organizações, que frequentam a formação, a olhar para a conjuntura e definir objectivos tendo em conta os recursos limitados que têm", facilitar o cumprimento das suas obrigações legais, ensiná-los a divulgar o trabalho que fazem, o que vai permitir, refere o formador, captar mais pessoas para os seus serviços, algo que "por um lado é mau porque é uma questão social, mas por outro é bom porque vão ser vistas por mais gente que pode ajudá-las via apoios, doações, etc". 

Pedro Castello Branco frisa que o projecto vai possibilitar que os beneficiários das IPSS da Região "possam ser mais e melhor apoiados, de forma mais eficiente".

Com melhor gestão chegaremos a mais gente e da melhor forma. Pedro Castello Branco