Organização para a segurança na Europa pede retirada das tropas russas
O presidente em exercício da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), o macedónio Bujar Osmani, apelou hoje à Rússia, em Kiev, para pôr fim à guerra na Ucrânia e retirar as suas tropas.
Osmani, que chefia a diplomacia da Macedónia do Norte, exortou a Rússia a "mostrar o seu empenho nos valores e princípios da OSCE e a regressar à via diplomática".
"Vamos apoiar resolutamente a Ucrânia e não nos desviaremos deste caminho", afirmou Osmani durante uma conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, segundo a agência espanhola EFE.
A Macedónia do Norte assumiu a presidência rotativa da OSCE em 01 de janeiro.
A OSCE foi criada em 1975, após dois anos de negociações dos Acordos de Helsínquia, e integra 57 Estados-membros, incluindo Estados Unidos, Rússia e Ucrânia, bem como outras antigas repúblicas soviéticas.
Portugal participou no processo de formação da OSCE e foi um dos 35 signatários da chamada Ata Final de Helsínquia, que estabelece os princípios das relações entre os países que integram a organização.
Em comunicado divulgado no seu 'site', a OSCE disse que Osmani se reuniu em Kiev com os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e do parlamento, Ruslan Stefanchuk, além de Kuleba.
"Exigimos uma maior atenção da OSCE para dois problemas fundamentais: a deportação forçada de mulheres e crianças para o território da Federação Russa e as condições de detenção dos prisioneiros de guerra ucranianos. Estas são coisas muito importantes para nós", disse Zelensky durante o encontro, citado pela agência ucraniana Ukrinform.
Osmani "observou em primeira mão o terrível impacto que a guerra sem sentido e injustificada da Rússia continua a ter sobre o povo da Ucrânia", acrescentou a OSCE no comunicado.
O presidente em exercício da OSCE defendeu ser necessário alcançar uma paz sustentável com respeito pela integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas.
O político macedónio condenou ainda os novos ataques russos na Ucrânia, incluindo o que matou pelo menos 40 pessoas num edifício residencial em Dnipro (sudeste), no sábado.
Este balanço deverá aumentar por continuarem desaparecidas 46 pessoas que viviam no edifício.
A Rússia desmentiu hoje ter alvejado o edifício, alegando que o incidente foi provocado pela defesa aérea ucraniana.
"Vamos apoiar resolutamente a Ucrânia e não nos desviaremos deste caminho", acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Macedónia do Norte.
Kuleba pediu a exclusão da Rússia da OSCE e acusou Moscovo de estar a minar os acordos de Helsínquia e a própria organização desde que invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado.
"É por isso que repeti ao meu colega as expectativas da Ucrânia: acreditamos que a única forma de salvar a OSCE é livrarmo-nos da Rússia como membro da OSCE", afirmou.
Kuleba disse ainda que transmitiu a Osmani a preocupação com relatos de que veículos da OSCE estavam a ser transportados da Rússia para os territórios temporariamente ocupados na Ucrânia, receando que possam ser usados para ações de provocação.
A OSCE tinha previamente avisado, via Twitter, que não está presente no Donbass (leste da Ucrânia) e que quaisquer veículos com o seu logótipo não estão a ser utilizados na região em ações da organização.
A OSCE enviou uma missão de observação para a Ucrânia após a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014, e na sequência da guerra separatista então iniciada no Donbass (regiões de Donetsk e Lugansk), com apoio russo.
A missão cessou as suas operações em 31 de março de 2022, pouco mais de um mês depois de a Rússia ter novamente invadido o seu país vizinho.
Desde então, Moscovo acrescentou à Crimeia a anexação de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, mas a medida não foi reconhecida pela Ucrânia nem pela generalidade da comunidade internacional.