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Navalny examinado por médico na prisão após carta aberta a Putin

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O líder da oposição russa, Alexei Navalny, foi examinado por um médico na prisão, depois de centenas clínicos terem denunciado o seu estado precário numa carta aberta ao Presidente Vladimir Putin, divulgou hoje o advogado do político

O exame foi realizado pelo chefe do hospital da prisão número 03 da cidade de Vladimir, onde o opositor esteve internado durante a greve de fome de 2021, explicou o advogado através da rede social Twitter.

Vadim Kobzev especificou que o seu cliente não recebeu nenhum medicamento, exceto os antibióticos que lhe foram administrados no dia anterior, quando o seu estado - febre e tosse - melhorou ligeiramente.

Centenas de médicos assinaram esta semana uma carta aberta dirigida a Putin para impedir os abusos na prisão contra Navalny, que adoeceu após ser novamente punido por mau comportamento.

"Exigimos que seja examinado por médicos civis e, em caso de sintomas, que seja hospitalizado para exames e tratamentos completos", destaca a missiva.

Os médicos alertam "ser claro" que "do ponto de vista médico, Alexei não está a receber cuidados médicos suficientes e seu confinamento na cela de castigo é absolutamente contraindicado para a sua condição".

"Não podemos e não temos o direito de assistir de braços cruzados como a saúde do político Alexei Navalny é conscientemente prejudicada", salientam ainda.

Para os clínicos, a "recusa dos representantes dos serviços prisionais em fornecer a Navalny os medicamentos necessários representa uma ameaça direta à sua vida".

Os médicos lembram também que Putin é o fiador da Constituição russa que, no seu artigo 41 estipula que "todo cidadão", inclusive os presos, tem direito a assistência médica.

Navalny, que já foi punido dez vezes desde que chegou à prisão número 06 na região de Vladimir em 2021, garantiu no Telegram que foi encaminhado para a cela de castigo em dia 31 de dezembro, por tratar da sua higiene fora de horas.

O opositor, de 46 anos, agraciado com o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu no ano passado, considera que o objetivo dos serviços prisionais é adoecer os reclusos para que estes não tenham outra alternativa senão colaborar.

A Justiça russa rejeitou um recurso dos advogados de Navalny em novembro e confirmou a sentença de nove anos de prisão imposta por fraude e desacato.