Alemanha vai continuar a "avaliar cuidadosamente" entrega de armas
A Alemanha vai continuar a "avaliar cuidadosamente" e consultar os aliados sobre futuras entregas de armamento à Ucrânia, indicou hoje o chanceler Olaf Scholz, que enfrenta crescente pressão para aprovar o envio de tanques alemães para Kiev.
A Alemanha já forneceu uma substancial ajuda militar à Ucrânia na sequência da invasão da Rússia, incluindo peças de artilharia howitzers, veículos de defesa antiaérea Gepard e quatro sistemas de mísseis terra-ar IRIS-T.
Na semana passada, Berli anunciou o envio de 40 veículos blindados Marder -- uma decisão semelhante à adotada por Washington e Paris -- e ainda uma bateria de defesa aérea 'Patriot'.
No entanto, os críticos, incluindo no interior da coligação governamental, têm contestado a suposta hesitação de Scholz sobre o envio de novos armamentos. O chanceler alemão tem insistido que a Alemanha não efetuará isoladamente essas entregas, e frisado a necessidade em assegurar que a NATO não se envolva numa guerra com a Rússia.
A decisão de fornecer os Marder APCs entusiasmou a nível interno os defensores do envio dos tanques pesados Leopard 2, e as pressões também aumentaram no exterior.
Na quarta-feira, o Presidente polaco disse que o seu país pretende ceder à Ucrânia uma companhia de tanques Leopard (14 veículos), mas esta decisão apenas parece possível no âmbito de uma coligação internacional mais alargada e envolvida na entrega deste tipo de armamento.
Varsóvia também necessita de autorização alemã para enviar estes veículos, de fabrico alemão. Na quinta-feira, o vice-chanceler alemão Robert Habeck, que não pertence ao Partido social-democrata (SPD) de Scholz, disse que o seu país "não deve ficar pelo caminho caso outros países tomem decisões no apoio à Ucrânia, independentemente da decisão que a Alemanha adotar".
Hoje, ao ser questionado sobre a disponibilidade da Alemanha em fornecer tanques Leopard 2 à Ucrânia, Scholz optou por não se referir especificamente a esses veículos.
Em alternativa, respondeu com uma longa lista de material que a Alemanha enviou à Ucrânia em coordenação com os aliados, e disse que Berlim manterá a sua "posição de liderança" como um dos principais apoiantes de Kiev.
No entanto, assinalou não ter a intenção de se apressar "em assuntos tão sérios relacionados com a paz e a guerra, a segurança do nosso país e da Europa".
"Sempre atuaremos através de consultas próximas [com os aliados] e avaliaremos cuidadosamente cada decisão", disse Scholz. Insistiu ainda que a maioria da população alemã apoia o processo de decisão "calmo, ponderado e cuidadoso" do seu Governo.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.952 civis mortos e 11.144 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.