Crónicas

25h 54m

Foi o tempo que passou desde a posse até à demissão da Secretaria de Estado da Agricultura. Já são 13 em 9 meses de governo.

Os executivos de maioria absoluta do PS, paradoxalmente, produzem instabilidade. De forma recorrente. Quiçá porque essa condição política os desleixa e torna negligentes. Apesar dos casos recentes terem mais a ver com as escolhas pouco sensatas e precavidas do que com o desempenho das respectivas funções.

E isso vem acontecendo porque a tolerância para com opções duvidosas e menos escrutinadas, com recurso quase exclusivo ao desabonado aparelho partidário, torna o exercício do poder relaxado, descuidado, displicente. A sensação de intocabilidade promove a multiplicação de casos, os tiros nos pés sucedem-se e a credibilidade esvai-se rapidamente. E os mais ponderados pagam as favas pelos repentistas menos cautelosos.

Depois da escandalosa indemnização à ex-Secretária de Estado do Tesouro, (que não era suficientemente capaz para ser administradora da TAP, mas já era para presidente da NAV e para fazer parte do governo), não se esperava que na consequente remodelação constasse uma senhora com contas partilhadas (e agora arrestadas) com o marido, acusado de corrupção. Uma imprudência, só possível face ao desmazelo que impera.

A ligeireza desacredita e prejudica a respeitabilidade e a percepção pública da democracia. E faz o descrédito acentuar-se. Tudo isto é manjar que alimenta os partidos populistas e eleva-os a um patamar pouco recomendável, com repercussão perigosa no nosso futuro. Não estamos livres.