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Enviado dos EUA inicia deslocação aos Balcãs centrada no Kosovo

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Um responsável do Governo norte-americano iniciou hoje um périplo por diversos países balcânicos, numa deslocação centrada nos esforços internacionais para promover a normalização das relações entre o Kosovo e a Sérvia após semanas de elevada tensão.

O conselheiro do Departamento de Estado Derek Chollet iniciou a viagem com uma breve passagem pela Macedónia do Norte, antes das planeadas visitas ao Kosovo e à Sérvia.

Em Skopje, capital da Macedónia do Norte, Chollet reuniu-se com o primeiro-ministro Dimitar Kovachevski, mas não prestou declarações após o encontro.

O Governo disse que as discussões foram centradas no combate à corrupção, uma condição decisiva no processo de adesão da Macedónia do Norte à UE.

Este pequeno país, ex-república jugoslava com cerca de 1,8 milhões de habitantes, iniciou as conversações de adesão à UE em julho passado.

O enviado dos EUA desloca-se de seguida ao Kosovo e à Sérvia, um dos principais pontos de fricção na região balcânica.

A prisão no Kosovo de um ex-oficial da polícia sérvio motivou protestos e o bloqueio de estradas pela população sérvia local no norte do território.

O Presidente da Sérvia Alexandar Vucic pediu autorização à força da NATO (Kfor) para envio de tropas destinadas a garantir a segurança da minoria sérvia, mas o pedido foi rejeitado.

Os Estados Unidos, firmes apoiantes da autoproclamada independência do Kosovo em 2008, têm apoiado as iniciativas da União Europeia (UE), que tem assumido a função de mediador entre a Sérvia e o Kosovo, uma ex-província do sul da Sérvia com larga maioria de população albanesa.

As iniciativas diplomáticas do ocidente têm-se intensificado devido aos receios do regresso da instabilidade à região dos Balcãs na sequência da invasão russa da Ucrânia há 11 meses.

Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência do Kosovo.

Belgrado e os sérvios kosovares também acusam Pristina de bloquear sistematicamente a formação de uma associação de municípios sérvios, prevista nos acordos entre as duas partes assinados em 2013 e mediados pela UE, que permitiria um assinalável grau de autonomia a esta comunidade.