A Guerra Mundo

Kiev revoga cidadania ucraniana a oligarca e ex-deputado próximo de Putin

None

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divulgou hoje que revogou a cidadania ucraniana a Viktor Medvedchuk, ex-deputado próximo do chefe de Estado russo Vladimir Putin e oligarca, que Kiev acusa de alta tração em favor da Rússia.

"Com base em documentos preparados pelos serviços de segurança e pelo Serviço Estatal de Migração, e de acordo com a Constituição do nosso Estado, decidi revogar a cidadania de quatro pessoas", incluindo a Medvedchuk e três outros políticos, realçou o chefe de Estado ucraniano.

Viktor Medvedchuk foi entregue à Rússia numa troca de prisioneiros entre Kiev e Moscovo no final de setembro de 2022, depois de ter ficado detido durante mais de cinco meses na Ucrânia.

Zelensky explicou ainda que manteve hoje contactos com líderes de estados europeus para os atualizar sobre a "difícil situação na região de Donetsk" e "os constantes ataques russos".

O Presidente ucraniano realçou que as forças russas apenas podem ser combatidas com "um novo nível de equipamento militar moderno que a Ucrânia pode obter de parceiros".

"Agradeço a todos os líderes que nos ajudam a explicar que agora é a hora de novas decisões poderosas. O mundo livre tem tudo o que é necessário para impedir a agressão russa e levar o Estado terrorista a uma derrota histórica. É importante para a democracia global, para todos aqueles que valorizam a liberdade", sublinhou, durante o habitual discurso noturno em vídeo divulgado nas redes sociais.

Volodymyr Zelensky prestou ainda uma "homenagem especial" aos combatentes da 46.ª brigada aeromóvel pela "sua bravura e firmeza na defesa de Soledar", cidade próxima de Bakhmut, na região ucraniana de Donetsk.

Os combates na pequena cidade que tinha pouco mais de 10.000 habitantes antes da guerra têm sido referidos nas últimas horas por várias fontes como parte da tentativa russa de conquista de Bakhmut, situada a cerca de 10 quilómetros.

Zelensky já tinha referido que esta era uma cidade onde "já quase não há vida", enquanto o chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigojin, confirmou hoje que estão em curso duros combates nos arredores de Soledar.

Por outro lado, o líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, garantiu hoje que Soledar já está sob o controlo dos mercenários do Grupo Wagner, combatentes do lado russo.

A mesma fonte detalhou que algumas tropas russas já assumiram posições em Soledar, enquanto outras estão a mover-se pela cidade "com bastante eficiência" enquanto realizam "uma operação de limpeza" na parte oeste da cidade.

Bakhmut é uma cidade de importância estratégica questionável, mas que assumiu um forte valor simbólico à medida que ambos os lados lutam pelo seu controlo há meses, situando-se em Donetsk, no Donbass (leste da Ucrânia), uma das quatro regiões que a Rússia disse ter anexado ao seu território no final de setembro do ano passado, juntamente com Lugansk, Kherson e Zaporijia, depois de ter feito o mesmo com a Crimeia em 2014.

Estas anexações não são reconhecidas pela Ucrânia nem pela generalidade da comunidade internacional.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.952 civis mortos e 11.144 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.