Ou o Governo muda de vida ou os portugueses farão mudar o Governo
Na passada semana, e ainda quando não tinham terminado as demissões no “seu governo”, o Senhor Primeiro-Ministro já ouvia em alto e bom som e de uma forma explícita e concertada o PSD a dizer: “Ou o Governo muda de vida ou os portugueses farão mudar o Governo”.
Isto foi dito porque o PSD, enquanto principal partido da oposição, que é responsável, que acredita que, à semelhança do que ocorre na Madeira e nos Açores, será poder ao nível central e que ambiciona esse poder, considera que apesar das inúmeras trapalhadas – 12 baixas no executivo em 9 meses – e mudanças no governo – apenas 53% do elenco governativo que tomou posse em março de 2022 mantém-se nas mesmas funções – não é este momento para chamar os portugueses a votarem novamente.
Não é porque o País precisa de respostas pois houve eleições legislativas há menos de um ano, eleições essas que ocorreram de forma antecipada e por falhanço na geringonça após 6 anos de aliança.
Não é porque o País precisa de respostas pois assiste a um cenário de degradação social com uma inflação que não se via há 30 anos e que tem tido um forte impacto nos custos da alimentação e energia que são essenciais para o dia-a-dia dos cidadãos, com um aumento das taxas de juro que tem retirado poder de compra às famílias com empréstimos à habitação, com uma rutura total nos serviços públicos nomeadamente na saúde onde o encerramento de urgências e as horas intermináveis de espera no retângulo português são a ponta do iceberg que tende a derreter, na educação onde, no continente, mais de 60 mil alunos começaram o ano sem professores nas suas disciplinas, na justiça onde até o papel para fotocópias falta, etc.
Não é porque o País precisa de respostas pois Portugal tem um compromisso com a União Europeia de implementar um conjunto de reformas e de investir 16,6 mil milhões de euros até ao final de 2026 na resiliência do País bem como na transição verde e digital, cuja execução no arranque do programa deixa muito a desejar e começa a preocupar diversos interlocutores internos e externos.
Não é porque o País precisa de respostas pois o Governo que foi chamado em 2022 para a governação com uma maioria absoluta tem mesmo é que se organizar e deixar que as lutas internas do Partido Socialista se sobreponham aos interesses dos cidadãos e consumam a energia e a agenda do Senhor Primeiro-Ministro.
Não é porque o País precisa de respostas pois o Governo tem é de governar e resolver os inúmeros problemas das pessoas e das empresas para que então, e oportunamente, seja julgado novamente pelos portugueses. E isto sem que ninguém tenha a certeza de quando será o momento oportuno. Face ao cenário existente, isso dependerá em exclusivo do Partido Socialista, do Dr. António Costa e do Senhor Presidente da República.
Pela instabilidade na equipa do governo, pelo empobrecimento, pela carga fiscal nunca antes vista, a desconfiança e a desilusão dos portugueses nesta equipa socialista é percetível. Este facto é comentado em todas as esquinas e mesas de café por onde se passa, pese embora possa existir a disponibilidade para dar uma derradeira oportunidade para o PS governar e de levar avante as suas opções sem que haja espaço para um novo bloqueio no País nem para desculpas e vitimizações.
No que à Madeira diz respeito, reconhecendo de antemão que todas as crises que surgiram afetam, e muito, a governação e os resultados da mesma porquanto a atenção e o esforço da liderança é sempre direcionado para o problema maior e mais mediático, que neste caso tem sido as nomeações e substituições dos governantes, e ainda que não seja fã desta opção socialista de governação pois estou exatamente na oposição, espero que o Senhor Primeiro-Ministro recomece, lidere, se levante da poltrona amarela com humildade, tire o rolo compressor do caminho, arregace as mangas e aproveite esta chance para implementar a prometida maioria absoluta dialogante e, também, resolver os problemas da Região, não só os que se arrastam bem como a revisão constitucional, cujo processo decorre no seio da Assembleia da República, e a reformulação da Lei das Finanças Regionais.
Senhor Primeiro-Ministro, é certo que em 2023 haverá eleições na Madeira, faça por não provocar eleições também a nível nacional e recorde-se, ou o Governo muda de vida, ou os portugueses farão mudar o Governo.