Fenprof quer soluções em cima da mesa de reuniões
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, defendeu hoje em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, que, mais do que reuniões, são necessárias soluções para os problemas do setor, justificando assim o protesto que decorrerá até sexta-feira.
De acordo com Mário Nogueira, o Ministério da Educação enviou na segunda-feira uma convocatória para reuniões com os sindicatos, mas sem apresentar propostas concretas para os problemas que têm vindo a ser apresentados à tutela e manifestando abertura para discutir outras matérias, mas sem dizer quais.
No primeiro dia do "acampamento" que a Fenprof promove esta semana em frente ao ministério, Mário Nogueira declarou aos jornalistas que com a atual equipa ministerial, liderada por João Costa, não têm faltado reuniões, mas continuam a acumular-se problemas numa classe que não consegue cativar jovens para a profissão.
"Recebemos apenas a convocatória para uma reunião no dia 20 de janeiro que diz somente que é para prosseguir as negociações de concursos e é omissa relativamente ao resto", disse o dirigente da Fenprof.
"Cada vez há menos jovens a quererem ser professores, enquanto muitos estão a abandonar a profissão", acentuou.
Sob o viaduto da avenida Infante Santo, frente ao Ministério da Educação, professores afetos aos sindicatos da Fenprof instalaram uma tenda com capacidade para um pequeno grupo que irá revezar-se, até sexta-feira.
Ao final da tarde de hoje montava-se a estrutura de apoio, sob um toldo e junto a um aquecedor colocado no separador central, dentro do recinto delimitado pela polícia, com grades móveis e fitas.
Nas grades, foram colocadas faixas com as principais reivindicações: respeito, aumento real do salário, horários legais, aposentação justa, fim do bloqueio ao 5.º e 7.º escalões.
"Nunca ninguém ouviu da boca da Fenprof que vão ser os municípios que vão passar a contratar professores, porque isso não está em cima da mesa", esclareceu Mário Nogueira, ao reagir às declarações do primeiro-ministro, António Costa, sobre esta matéria.
A Fenprof tem criticado o chamado "processo de municipalização" da educação noutras áreas, como a "contratação e gestão do pessoal não docente" por entender quer retira competências às escolas.
O primeiro-ministro disse hoje, em Benavente, ser "absolutamente falso" que os municípios vão passar a contratar professores e que não vai ser cumprida a lista de graduação nas contratações.
O Ministério da Educação convocou os sindicatos para uma nova reunião negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e mobilidade para os dias 18 e 20 de janeiro.
A Fenprof pretende que a reunião se realize em mesa única, para não haver interpretações diferentes por parte de outros sindicatos sobre o que está em cima da mesa.
Mário Nogueira apelou também para que no dia 20, os professores se concentrem e manifestem à porta do Ministério da Educação.
Instou ainda os docentes a concentrarem-se nas principais praças do país durante as greves distritais, o que em Lisboa acontecerá no dia 16 de janeiro, no Rossio.
A partir de segunda-feira, inicia-se uma greve que, distrito a distrito, abrangerá todo o território continental.
A sequência de greves distritais termina com uma manifestação nacional marcada para 11 de fevereiro, em defesa da profissão, de acordo com o anunciado pela estrutura sindical.