Está tudo pronto?
As aulas vão começando. E pelo que se lê, nem todos fizeram os trabalhos de casa
Boa noite!
O arranque de mais um ano lectivo tem servido para um confronto político com reparos que, a serem honestos e devidamente fundamentados, comprovam que houve distracções no defeso, alienação na preparação do regresso às aulas e até instrumentalização da comunidade escolar com intuitos eleitorais.
Entre o que assegura o Governo e o que dizem os sindicatos e a oposição há uma distância medonha, com o episódio ocorrido na Ponta do Sol a ser disso exemplo. A secretaria da Educação acusa a Câmara Municipal da Ponta do Sol, presidida pela socialista Célia Pessegueiro, de "colocar a luta político-partidária no lugar do bem-estar e dos demais direitos das crianças e das famílias", já que apenas comunicou a decisão de não assumir o transporte dos alunos "no momento da abertura do ano lectivo". A autarquia revelou existir "problemas logísticos, devido à alteração da frequência de deslocações e distâncias, após uma decisão unilateral do organismo do Governo Regional de fundir escolas com base ‘no pedagogicamente melhor’ para os alunos, mas que se esqueceu que tal decisão iria fazer com estes jovens passem mais de 12 horas fora de casa à conta desta alteração. Isto para além de criar constrangimentos no transporte que a Câmara assegura para outras actividades extracurriculares irá também criar muitos problemas às famílias destas crianças.
Por instantes alguém pensou nos lesados? A Secretaria da Educação decidiu adoptar "as medidas indispensáveis” para que tal transporte seja assegurado sob a sua responsabilidade, até que a situação seja normalizada. Por alguma razão será, até porque como lembra o executivo, “a organização desse transporte e os respectivos encargos incumbem às autarquias locais”.
Mas há mais discrepâncias num ensino em que dois mais dois já não é igual a quatro. O secretário da Educação assume haver um corpo docente “estabilizado” nas suas escolas” e “redução efectiva na carga horária de acordo com a idade dos professores”, de modo a que seja mantido um sistema de ensino com qualidade”. O PS discorda, lamenta que “muitos problemas da Educação continuem por resolver na Região” e aponta como males de longa data a carga burocrática, o desgaste da classe docente injustiçada com avaliações sem nexo, a fusão prepotente de escolas, a implementação dos manuais digitais num sistema de ensino sem ponderação e acompanhamento.
E há ainda isto. O Sindicato dos Professores, acusado de folclórico por Jorge Carvalho, considera "muito precipitado" um arranque de ano lectivo sem tempo para preparar as actividades: "Não há nada que justifique. Pedagogicamente isto é completamente errado". O secretário garante estar tudo pronto para começar o ano de uma forma “perfeitamente normal”.
Qualquer que seja a realidade em escolas a precisar de obras e de melhores espaços para o ensino e em pessoas que deviam dialogar mais e brigar menos, desejamos aos 41 mil alunos, que regressam à escola até dia 15, aos 6 mil professores e aos 4 mil funcionários um ano lectivo feliz. Até porque o futuro é vosso.