A Guerra Mundo

Chefe da NATO admite um duro Inverno para Kiev e apoiantes ocidentais

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Foto EPA

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse hoje que a Ucrânia e aliados vão enfrentar um duro Inverno mas exortou as populações dos países ocidentais a prosseguirem o seu apoio ao considerar que o conflito está num ponto crítico.

"Precisamos pelo menos de estar preparados para este inverno, porque não existem sinais de que a Rússia esteja a desistir do seu objetivo de assumir o controlo da Ucrânia", disse Stoltenberg em declarações à agência noticiosa Associated Press (AP), à margem da reunião dos países aliados que decorre em Ramstein, uma base da Força Aérea norte-americana na Alemanha.

Na reunião, destinada a coordenar a ajuda militar a Kiev, o chefe de estado-maior das Forças armadas dos EUA, general Mark Milley, já se tinha congratulado pela "progressão regular" da contraofensiva ucraniana.

O chefe da NATO indicou ainda que a guerra na Ucrânia se aproxima de um "momento crucial" e quando a ofensiva russa parece ter "estagnado" na região do Donbas. "Vemos que os ucranianos são capazes de ripostar, e retomar algum território", acrescentou.

A Ucrânia tem garantido o envio para as suas forças de grandes quantidades de armas e munições mas agora necessita de equipamento de inverno. Na reunião de hoje, a ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, revelou que o seu país vai fornecer geradores elétricos, tendas e outro material.

"O Inverno está a chegar e vai ser duro no campo de batalha na Ucrânia. Sabemos que atualmente o exército ucraniano tem três vezes mais efetivos em relação ao último inverno", disse Stoltenberg. "Necessitam urgentemente de uniformes de inverno, geradores para produzir eletricidade, agasalhos, e tendas e outras coisas que os possam ajudar durante o inverno".

Stoltenberg também disse que a NATO está em contacto com a indústria de defesa para adaptar a produção de armamento às necessidades do exército ucraniano e que reforce o arsenal enviado pelos países aliados.

Numa referência às populações dos EUA, Canadá e Europa afetadas pelo aumento dos preços da energia, pela inflação e às preocupações relacionadas com o abastecimento de produtos alimentares, o ex-primeiro-ministro norueguês exortou-as a manterem a confiança.

"Reconheço que muitas pessoas estão frustradas e atualmente estão com problemas nos países da NATO devido ao aumento dos preços da energia, do custo de vida. Mas simultaneamente, é necessário recordar que o preço que pagamos é medido em dinheiro, em dólares ou libras ou euros, enquanto o preço que os ucranianos estão a pagar é medido diariamente em perdas de vidas".

"Se o Presidente Putin vencer na Ucrânia, o mundo vai ficar mais perigoso (...). Mas de desistir de lutar, teremos paz. Se a Ucrânia deixar de lutar, então a Ucrânia deixa de existir como nação independente. Assim, é necessário continuar a fornecer apoio", frisou.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 197.º dia, 5.718 civis mortos e 8.199 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.