Quem demite Fontes?
“Quer queiram, quer não”, o presidente do Marítimo já afastou quem queria, mesmo aqueles que exibiu para alcançar a vitória eleitoral
Boa Noite!
As últimas semanas do Marítimo davam um filme de terror com Rui Fontes, João Luís e Vasco Seabra como protagonistas, a par de um sem número de figurantes que nada riscam, apesar dos comentários assertivos.
O primeiro a sair de cena foi o elo mais fraco, o treinador. Como a memória é curta e o futebol vive de resultados, de nada lhe valeu ter salvo o clube da descida na época passada. Vasco Seabra deixou de ser problema, mas antes de bater com a porta, - o que o fez ontem à noite, para espanto de Rui Fontes, enquanto dava uma entrevista à RTP-M -, criticou quem contribuiu para criar “instabilidade absolutamente desnecessária”.
O segundo demissionário foi João Luís que deixa a presidência da SAD do Marítimo, com um sentimento de “grande tristeza”. Por ter a certeza que não é estimado. Por julgar que a atribulação verde-rubra descambou. Por sentir que o clube não merece estar envolvido em episódios ridículos. Por estar farto ruído, muitas vezes gerido em silêncio. Por perceber ganância desmedida de poder por parte de Fontes. E provavelmente por ter sido usado como trunfo eleitoral, agora dispensável.
Resta Rui Fontes que, quando perdeu a paciência após humilhação da equipa em Braga, anunciou que iria tomar conta da SAD do Marítimo, “quer queiram, quer não”. Afirmou-se desiludido com os gestores da SAD, mas uma reunião alegadamente pacífica atenuou por instantes as crispações, sanadas com o compromisso público das partes em fortalecer o sector ofensivo da equipa.
Depois da tempestade, houve acalmia momentânea num clube à deriva e sem pontos, com relvado que é novo, mas num estado inaceitável e com um Presidente determinado em reeditar a fórmula que tanto criticou.
Rui Fontes conseguiu ser “o homem só”, mesmo antes da anunciada Assembleia Geral da SAD do Marítimo, destinada a "deliberar sobre a destituição de todos os membros do Conselho de Administração da Marítimo da Madeira – Futebol SAD”.
Já que está marcada era bom que na mesma Assembleia fossem ditas algumas verdades sobre o presidente que provoca o caos de forma frequente, especialmente nos dias de jogo; que não acompanha a equipa nos jogos fora de portas; que, sem ter poder para tal, sugeriu Daniel Ramos, João Henriques e João Pedro Sousa como alternativas a Seabra; que instiga a troca de sms entre sócios a dizer mal dos jogadores, que depois recebem prints dessas conversas; que manipula claques e promove reuniões secretas nos Barreiros com capangas da desestabilização; e que enquanto representante recentemente eleito pelos sócios do accionista principal da SAD e fiel representante da marca Marítimo e dos sócios, não foi capaz de impedir que uma administração que está a dias de ser destituída, tomasse decisões sobre o futuro de uma instituição com a história de quem “tem o nome à cabeceira do desporto português”. Quem é que terá coragem para demitir Fontes?