EUA recusam classificar Rússia como Estado "patrocinador do terrorismo"
O governo dos Estados Unidos descartou hoje classificar a Rússia como um país "patrocinador do terrorismo", pela invasão lançada na Ucrânia, defendendo que teria "consequências indesejadas" quer para os ucranianos, quer para o resto do mundo.
"Não é a forma mais eficaz, ou a maneira mais contundente de responsabilizar a Rússia pelas suas ações", destacou a porta-voz da presidência norte-americana (Casa Branca), Karine Jean-Pierre, em declarações aos jornalistas.
A reação surgiu horas depois do Presidente norte-americano, Joe Biden, ter recusado publicamente acrescentar Moscovo à 'lista negra' do Departamento de Estado.
Para Karine Jean-Pierre, considerar a Rússia um "patrocinador do terrorismo" poderia afetar "seriamente" a distribuição de ajuda em território ucraniano, ou o acordo entre Kiev e Moscovo para permitir a exportação de cereais.
Por sua vez, a presidência russa (Kremlin) celebrou através do principal porta-voz, Dimitri Peskov, a cautela por parte da Casa Branca, considerando que o mero debate sobre esta questão já é "monstruoso" por si só.
"É bom que o Presidente [dos Estados Unidos] responda assim", realçou Peskov em declarações à televisão estatal, citadas pela agência de notícias russa TASS.
Atualmente, o governo dos EUA considera Cuba, Coreia do Norte, Irão e Síria como países que "não cooperam totalmente" com os norte-americanos na luta contra o terrorismo.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 195.º dia, 5.718 civis mortos e 8.199 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.